ADRENALINA. VELOCIDADE. SOM DA TURBINA.

Cada um tem uma adrenalina que sacode a nossa biologia. Ontem vi homens-pássaros, um desafio impressionante, quase um suicídio, coragem para pouquíssimos, em documentário de uma hora em canal de assinatura.

Traz a história do desenvolvimento desse esporte que entendo não ser esporte, mas desafio à morte. Falam com clareza que sabem que qualquer deslize é fatal. Passam raspando por paredões e árvores. E confessam, não podem viver sem sentirem essa sensação. E são contados a dedo os que hoje voam com essas roupas como se fossem morcegos, e a maioria morreu.

E continuam, entre eles somente uma mulher americana que declara ir direto para a Europa se tem férias, mesmo de uma semana, pois somente lá podem descer voando de grandes alturas, paredões de granito. Realmente, lá estão as grandes alturas, como no Eiger na Suiça.

Em escala milhões de vezes menos arriscada, incomparável, posso entender o que dizem esses “loucos”. Lembro de minha juventude onde na Barra da Tijuca, deserta praticamente, em circuitos fechados, a famosa Macumba, soltava-se a adrenalina em cima das motos que gargarejavam sons maravilhosos, com seus funis de bronze da mesma dimensão dos canecos.

Hoje se digo que vou comprar uma Hayabusa, só para ouvir o seu ronco levemente, sem abusos, o freio sem “pastihas” de minha mulher funciona na hora. "Nem pensar..."diz, embora tenha andado comigo, bastante, na última "sete-galo" que tive, poderosa.

Pensar eu penso e as vezes quase enfrento esse poderoso freio, especiais como os de pastilhas de cerâmica..

Me resta somente quando o trânsito na estrada deixa, ou em curtos trajetos, abrir o vidro do meu quatro rodas para esse fim, e pouco uso, pisar no “kick down”, e ouvir o som divino e o uivo do turbo deflagrado, chicoteando o pescoço e a cabeça e fazendo o coração disparar. Sai pouco da garagem.

Posso entender os homens-pássaros, felizmente em dimensão humana....

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 05/04/2013
Reeditado em 05/04/2013
Código do texto: T4224297
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