A VOLTA DA "VACA"... DO BREJO !

A VOLTA DA "VACA"... PRO BREJO !

"Ilma Sra Ministra da Cultura ANA DE HOLLANDA!

Por favor, atenda às nossas preces. Crie uma linha

de crédito (ou outro mecanismo) sem juros, burocracias,

taxas ou tarifas para os Autores autônomos brasileiros (...).

O que faço, Sra. Ministra, com meu trabalho literário?

Peço aos meus para que enterrem comigo?!"

(trecho de carta-aberta do poeta ZÉ REYS, postada em

sites da Internet em junho de 2011)

Definitivamente, me sinto cansado de escrever, com aquele esgotamento existencial que nos faz desistir de qualquer luta, por mais nobre que seja. 'Palavras são palavras, nada mais que palavras...", teria sentenciado W. Shakespeare, em Hamlet. Excelsa verdade: falar & escrever têm sido em vão.

Sinceramente, minha esperança é como aquela vaca que, de pasto em pasto, acabou no brejo. Desde que cismei em me lançar como cantor (de minhas letras) só tenho chafurdado num lodaçal de empecilhos e impedimentos de desanimar o mais persistente dos peregrinos da Terra Santa.

Difícil é entender como -- num país que para a Política(lha) tem sempre dinheiro -- milhares de SEMECs, SECELs, SECULTs e até esse MinC (com olhos só para os megastars da MPB) continuam sem perceber que o artista popular não tem NEM JAMAIS TERÁ verba para produzir/lançar suas criações, sejam elas músicas, pinturas, artesanato, escritos de todos os gêneros e até mesmo fotografias.

Os "regulamentos" para quem tenta competir no estreito funil de projetos com apoio cultural (via Leis de Incentivo/LICs) são risíveis... isso para quem acha graça em tudo, E DE CHORAR pro artista do povo, sem condições de cumprir nem a metade das "ingigenchas" de boa parte das multinacionais, de Bancos, Magazines e super-empresas que pretendem (quase digo FINGEM) investir no artista realmente popular, isto é, oriundo do povo.

Algumas cobram até vídeo, para anexar ao cadastro inscrito e o sujeito, sem sequer um gravador (de fita cassette) decente, terá que tirar dinheiro de seu sustento a fim de tentar cumprir o que lhe pede o programa. É de 1990 minha proposta de que cada Prefeito produzisse no seu mandato 1 disco LP (hoje CD/DVD) com os artistas mais antigos da Cidade e também com os que surgiriam adiante. Da mesma forma, editar-se-ía livros, formando assim A MEMÓRIA do lugar a partir de seus artistas, "ANTENAS DA RAÇA", segundo Ezra Pound.

Há tempos repassei a idéia para o MinC, bem como a súplica de se criar VERBA específica para o ARTISTA AMADOR... 2, 3 ou 5 mil reais. Mas o Ministério "lulista", cegamente "dílmico", opta por apoiar "desamparados paupérrimos" como Caetano, Betânia e a "baianada" em pêso, "expresso 222" a sugar quase toda a verba oficial para uma Cultura populista, antes de ser popular... isso para shows com ingressos (?!) a 200 ou 500 reais.

Desde abril de 2010, quando vi uma loja carioca (RE) doar mais de 400 máquinas digitais para a platéia do Programa do Huck, tento sem sucesso conseguir modesta filmadora, atualmente custando 200 e poucos reais. Tentei convencer a cadeia de 300 (ou 600?) lojas a me destinar R$ 500,00 de patrocínio, sem nenhum sucesso. Meses mais tarde optei pela filmadora... e nada! Adiante "excluíram" meu email do cadastro da RE! Virei seguidor do dono ("a Loja tem dono", diz o slogan) no Twitter... nem assim!

Depois disso, descobri a tal "vaquinha" virtual -- no programa Mais Você da TV Globo -- com nome de enrolar a língua. Só acumulei decepções! Na primeira "empresa" me permitiam inscrever um projeto "para fazer videoclips", mas dele NÃO PODIA CONSTAR a compra da filmadora. Não riam, por favor... "esse é um País SÉRIO à nossa maneira", segundo parecer de amigo tupiniquim que está na França desde os anos 80. (OBS: Mestre GUARÁ possibilitou-nos postar na WEB o único registro de dezenas de paraenses que DESISTIRAM de fazer Cultura logo após.)

Fui com o mesmo projeto para outra "crowdfunding"... eu queria apenas R$ 350,00, mas o site só admitia projetos de mais de R$ 1 mil reais. Numa terceira, entrei com projeto de edição de livro de contos. Bati na porta errada... êle apoiava somente músicos e afins.

Pois bem, parece que finalmente minha "vaca" vai poder sair do brejo, acabam de criar em Belém um portal desse tipo, o "EU PATROCINO". Se "importaram" sem mudanças o regulamento yankee, minha esperança tola volta pro brejo, de onde nunca deveria ter saído. (Curiosamente, em meus primeiros dias navegando na Internet, havia um site de nome PATROCÍNIO CERTO, prometendo "maravilhas" aos inscritos. "Sumiu do mapa"!)

Penso que tais espaços não foram criados para PREJUDICAR o artista, amador ou não. Se êle consegue 75% do valor pretendido, porque negar-lhe a verba, ANULANDO a boa vontade (e a escolha) de tanta gente que contribuiu? E tem esses "brindes" obrigatórios, que ENCARECEM ainda mais o projeto original do sujeito!!! Numa Região que vive & respira baile/bingo/bola, quem FAZ CULTURA deveria ser incentivado e não impedido. Mas, verei o que me reserva o... "EU PATROCINO"!

"NATO" AZEVEDO (poeta e escritor desiludido)