Nem sempre o Errado está errado
Por: josafá bonfim
Sempre que o vejo, fortes lembranças me transpõem a realidades outrora vividas; por ter sido um contemporâneo, colega dos primeiros ensaios para o duro enfrentamento da vida. É que, o Destino caminheiro pregou-lhe uma peça, num dos degraus que o levaria ao alcance da meta traçada, deixando-lhe irremediavelmente para trás. A turma seguiu o itinerário, onde conforme o mérito, todos conquistaram seu espaço, com significativa contribuição na atividade escolhida, alguns até, auferindo títulos e notoriedade. Porém, ele não... Embora sem oficio definido, radicado no seu pequeno universo, não lhe falte o mínimo para uma sobrevivência digna. - Mas... vem cá! Pensando bem: no fundo, no fundo, será que esta análise estaria perfeitamente correta? -Teria mesmo nosso personagem perdido tanto em não ter evoluído na tão sonhada escalada da vida, quanto se imagina; uma vez que não se submete ao enfado do “politicamente correto”. Ademais, vive na sua “ilha de conformismo”, sem compromissos inadiáveis, sem hora marcada para tudo, donde nem mesmo o sonho de consumo o consome. Enquanto os que não arredaram do roteiro pré-estabelecido enfrentam diretrizes profissionais, encaram as mazelas dos centros desenvolvidos, tendo que “matar um leão por dia”, num corre-corre alucinante, para poder colocar o pão na mesa, gozar o mínimo de conforto e ter ainda que guardar alguns vinténs para suprir vexames. Observe-se que: se a carência de instrução e o estanque da evolução patrimonial distancia o nosso personagem do quadrante da modernidade e da inserção do status quo, da mesma forma não lhe cobram tributo por viver uma vida modesta, de regras fáceis, sem metas definidas ou perspectivas frustradas. Numa avaliação franca, sem rodeios, destituída de rotulações, será que no final das contas, não estaria ele, (o personagem) em posição melhor privilegiada que os demais? Sabe lá...