O Celular e seu Papel.
 
Sexta-feira Santa! Precisei dar uma grande volta para encontrar um local aberto. Achei uma lanchonete e resolvi comer um lanche. De pronto notei que todos estavam usando seu celular, de várias maneiras. Um homem fazia uma flor com guardanapos de papel, e seu amigo inseparável estava sobre a mesa. Ele vigiava o aparelho entre cada pétala que formava com muita habilidade. Devia estar esperando uma ligação, ou será que era somente por costume? Na outra mesa ao seu lado, uma mulher falava com alguém e o celular era o intermediário. De repente, aquele que fazia a flor resolveu dá-la à mulher. Esta aceitou a flor. Parece que resolveu encurtar e terminar a conversa, e desligou o celular. O homem conversava num tom baixo, mas ela começou a falar muito alto. Ela defendia o feminismo com unhas e dentes. Atacava os machistas e até o feitor da flor entrou no meio como réu. Ele mal pronunciava alguma palavra, não conseguia, somente escutava e ela se realizava, com orgulho. Eu, sem celular, apenas escrevia. Anotava tudo, tim-tim por tim-tim. Terminei o meu lanche e fui embora. Não sei como a conversa terminou, ou melhor, nem quero saber.
Deyse Felix
Enviado por Deyse Felix em 04/04/2013
Reeditado em 03/11/2016
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