Devemos respeitar a opinião do outro.
Existe hoje uma pluralidade de opiniões, e, igualmente, uma pluralidade de conhecimentos. Este fato nada tem de errado, ao contrário, é bom que tenhamos muitos conhecimentos e muitas opiniões. Caro leitor, o problema se localiza no fato de algumas pessoas quererem impor seu ponto de vista aos outros. Acreditam-se corretas em seu saber e querem que outrem venha aderir as suas certezas a qualquer custo.
Este problema pode ser visualizado na relação entre crentes e ateus. Por crente entendo aqui toda pessoa que crê no Absoluto, ou seja, em Deus, independente da religião que professe. Por ateu entende-se todo aquele que não crê no Absoluto. Um quer impor seu ponto de vista ao outro julgando que sua visão é a correta, consequentemente, a visão do outro é errônea. Não é difícil achar crentes de qualquer religião querendo impor suas convicções a outras pessoas, inclusive para pessoas que acreditam no mesmo Deus, mas que pertencem a Igrejas diferentes. Cometem um engano porque ninguém é capaz de converter ninguém, sendo a conversão uma exclusividade de Deus. Falar sobre sua religião é um direito de todos, desde que o outro queira ouvir.
Do outro lado da relação estão os ateus que também querem impor o seu ponto de vista, ou seja, querem a todos convencer que Deus não existe e que aqueles que creem são tolos. Afirmam que as pessoas acreditam em Deus porque tem medo do desconhecido, porque tem medo do escuro, e que se apavoram a admitir que a vida acaba aqui na terra. Ora caro leitor, tu há de concordar comigo que tão difícil quanto provar a existência de Deus é a tarefa de provar a inexistência de Deus. Ambos os lados ainda fazem piada com a convicção do outro, fato que só aumenta a distensão.
Um deve respeitar a opinião do outro e, principalmente, respeitar a sua opinião. E somente mudar de opinião se algo lhes acontecer, e mostrar que estavam errados em suas convicções. A história mostra ateus que viraram crentes, e crentes que viraram ateus. E aquilo que é falso com tempo apresenta-se como falso, igualmente, aquilo que é verdadeiro também se apresenta como verdadeiro.
A maioria dos conhecimentos que temos é nomeado como um conhecimento por ouvir falar, e somente acreditamos porque damos crédito à pessoa que expõe tal conhecimento, ou seja, acreditamos na autoridade de quem fala sobre o conhecimento. Nem sempre é assim porque uma convicção religiosa ou uma descrença de pessoas adultas já passou por um filtro pessoal, porque a religiosidade se dá numa relação pessoal do sujeito com o Absoluto. Entretanto, a maior parte de nosso conhecimento, seja ele religioso, científico, filosófico ou artístico provém desta modalidade de conhecimento por ouvir falar. Se fossemos querer por a prova e filtrar todo o conhecimento que temos precisaríamos de muitas vidas, e ainda assim tal tarefa se apresentaria impossível. Pergunto a você caro leitor, quantas vezes foi estudar e averiguar se é correto um novo paradigma de conhecimento cientifico que alguém explanou? Se o leitor não for um profissional ou interessado na área em que foi exposto o novo paradigma cientifico, parece óbvio que não vai estudá-lo a fim de verificar sua autenticidade, ou seja, acredita-se no novo conhecimento em virtude da autoridade de quem explana.
O exposto acima mostra a fragilidade de nossos conhecimentos. A situação de um querer impor o seu ponto de vista a outro não se restringe somente a dimensão religiosa, antes, ela pode-se ser estendida aos âmbitos políticos, éticos, ideológicos e outros. E na verdade trata-se de um debate estéril e de uma perda de tempo porque se pode obrigar alguém a trabalhar para outrem e até escravizá-lo, mas jamais poderás na base da força fazer alguém aderir as suas ideias. A adesão às ideias somente dar-se-á através da persuasão e do convencimento da veracidade de tais ideias, porque todos são livres para pensar. Por esta razão, devemos respeitar a opinião do outro, devemos ouvi-lo, mas não necessariamente aderir às ideias do outro.