ATROPELAMENTO BIZARRO

Margarida recebeu uma correspondência assinada por Dr. Marcelo, advogado renomado da cidade em que morava, solicitando sua presença em seu escritório para tratar de assunto de seu interesse.

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A moça ficou pálida, descontrolada, sem ter a mínima ideia do que se tratava. Mas, um chamado de um advogado, só poderia ser “problemas”. Tinha consciência, que nada tinha feito de errado, nem por isso conseguiu dominar o nervosismo.

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Foi impossível pregar os olhos nesta noite. Ficava se indagando se tinha cometido alguma falta. Será que se trata de alguma coisa referente a danos morais, ou discriminação? Dado seu jeito educado e ético nenhuma destas hipóteses poderia ser considerada. Mal amanheceu o dia pulou da cama e apressou-se para chegar na hora exata proposta pelo advogado.

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Na sala de espera estava a secretária de Dr. Marcelo e uma senhora de aproximadamente 70 anos, tímida e sempre com a mão na boca como se quisesse esconder a falta dos dentes.

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Logo é chamada para adentrar na sala do advogado e ficou mais confusa ainda quando aquela senhora desdentada foi convocada para entrar juntamente com ela.

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Depois dos devidos cumprimentos Dr. Marcelo perguntou:

- Senhora Margarida você esteve segunda – feira, por volta das dezesseis horas com seu carro estacionado na Praça Santa Clara nas proximidades do Supermercado Marinho?

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- Sim, doutor. Fui fazer compras para casa no supermercado.

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- A senhora sabe que é responsável por um atropelamento quando saia do local?

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- Não, não tenho conhecimento deste fato.

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- Pois a senhora atropelou a dentadura de D. Raimunda.

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D. Raimunda muito tímida com a mão na boca começa a descrever o episódio. Eu estava próximo do seu carro e já ia juntar minha dentadura que caiu com um espirro quando a senhora ia saindo do estacionamento e passou em cima da dentadura e quebrou ela todinha. Fiquei com vergonha de lhe procurar, mas uns amigos me mandaram vir aqui falar com o Dr. Advogado que ele tomaria as providencias.

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O Dr. Marcelo retomou a palavra e disse que gostaria que a Dona Margarida pagasse uma nova dentadura para a vítima. Antes que a senhora respondesse um sim ou não, a Dona Raimunda interrompeu dizendo.

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- Precisa mais não doutor. A senhora dona do Supermercado vendo minha aflição naquele momento, além de mandar servir água com açúcar, mandou me chamar hoje para dizer que conseguiu com um amigo dela dentista novos dentes para mim e de graça. E olhe que eu só tinha os de cima e agora o doutor dentista vai fazer os de cima e os de baixo.

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Margarida agora aliviada, depois do grande susto, ria do episódio. A história terminou com um final feliz, mas que este atropelamento foi bizarro foi.

Maria Dilma Ponte de Brito
Enviado por Maria Dilma Ponte de Brito em 03/04/2013
Reeditado em 03/04/2013
Código do texto: T4221873
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