1º DE ABRIL - DIA DA MENTIRA

Desde menino que participo com ar de graça das comemorações do Dia da Mentira.

Na escola, pregávamos peça nos colegas contando fatos que não haviam acontecido, oferecendo informações erradas e inventando coisas, principalmente aquelas que levassem a vítima ao ridículo. E os adultos também caíam nessas peraltices. Na verdade era mais um dia de pândega, onde tudo e todos ficavam sob o efeito de uma brincadeira ou outra, nada que viesse a se concretizar como terrível, mortal, fatal...

Hoje não necessitamos mais de exercitar nossa imaginação para pregar peça em quem quer que seja. Basta abrir os principais, jornais e blogs e somos alvo das maiores mentiras, repetidas ano após ano, e o pior: nas quais muita gente acredita.

Certa feita, conversando com um amigo, cerca de 4 anos atrás, comentei que o brasileiro já comemorava a recepção dos royalties e a produção do petróleo do pré-sal de forma comercial, principalmente os prefeitos municipais que já falavam em receber os tais royalties do pré-sal. Qual não foi minha surpresa quando esta figura voltou-se contra mim, dizendo que eu era desinformado e que ele mal acreditava que eu desconhecesse que o pré-sal, a ferrovia Oeste/Leste e o Porto de Ilhéus funcionavam a pleno vapor. Preferi então mudar de assunto para não levarmos tal discussão a um nível que viesse a enodoar nossa longa amizade, construída desde que ele era gerente de uma grande agência do Banco do Brasil.

A pregação da mentira vem causando inflação no Brasil, junto com gastos excessivos com a máquina pública ineficaz, criação de vários ministérios desnecessários e outras medidas que fazem o governo gastar muito com despesas correntes e perca a capacidade de investir. As obras da Transposição das águas do rio São Francisco, a refinaria Abreu e Lima e tantas outras que, mesmo depois de prontas, dão sinal do mau uso do dinheiro público, como é o caso recente do “Engenhão” – no Rio, cuja cobertura ameaça desabar e foi interditado e os edifícios do programa “Minha Casa Minha Vida” que, antes mesmo de serem entregues, apresentam rachaduras e até afundamento das sua estruturas.

Outra mentira deslavada é a pregação de que de 10 anos para cá o governo tirou com o “Bolsa Família” 48 milhões de pessoas da pobreza e trouxe este grupo para a classe C. Francamente, a miséria diminuiu um pouco, mas não a esses níveis...

Pois é. Neste 1º de abril, quero dedicar esta crônica àqueles que apregoam a construção da Barragem de Água Fria 3, uma necessidade premente que nem foi licitada, mas o governador já tem como quase concluída (sem ser sequer iniciada). O nosso novo aeroporto já entrou para o anedotário, bem como o novo presídio, cuja obra foi abandonada ainda no início e ninguém mais toca no assunto. Salve o Dia da Mentira que reina nesta segunda-feira, não como o rei Momo, primeiro e único, mas que se estende pela vida dos brasileiros...