EL TIEMPO PASA...
Remanescente dos velhos cadernos repletos de escritos que, de tão cheios, ficavam gordinhos, me vejo hoje às voltas com a Internet oferecendo "n" opções de armazenamento das coisas que me são tão caras e que preservo com carinho, porque são parte de mim. Os velhos cadernos amarelados pelo tempo, meio amassados pelo manuseio constante, me olham como se despedindo, sentidos, de uma época em que tudo parecia mais simples, mais puro, mais feliz. E têm razão meus fiéis companheiros, pois foram eles meus escudeiros nas noites de solidão, foram eles que acolheram meus desabafos e secaram minhas lágrimas em cada página que, carinhosamente, abriram para mim. Mas, enfim, como tudo na vida, chegou a hora de sua aposentadoria. O progresso tem o poder de substituir as coisas, de tornar supérfluas algumas, porque mais fácil e rápido é fazer de outro jeito e assim vamos abandonando o jeito antigo.
Mas o tempo que envelhece os cadernos, também se faz sentir em mim. Já não sou aquela menina bonita e cheia de ilusões dos meus cadernos. Esses eu os substituo pelo word, pelo email, pelo face. A mim não posso substituir! A imagem no espelho é a prova que mudei; as atitudes de hoje mostram que me redefini interiormente. O corpo se transforma com o tempo, o modo de ver o mundo também. E é assim, burilando meus defeitos, aceitando a imagem madura e experiente, que vou substituindo, pouco a pouco, meus queridos cadernos de outrora pelo pen drive que hoje acolhe minhas crônicas.
"El tiempo pasa, nos vamos poniendo viejos..."