No Ceará é assim
Com a ajuda da Internet, vez em quando, dou um pulinho no meu Ceará. Lendo seus jornais e escutando suas rádios, fico sabendo de tudo o que por lá aconteceu, está acontecendo, ou vai acontecer. Internet legal! Num ligeiro clicar, trago minha terra pra junto de mim!
Tem vezes que me vejo na Praça do Ferreira comendo o pastel do Leão do Sul; ou andando na Avenida Beira-mar, em tarde de sol poente. Outras vezes, correndo o seu querido sertão, no momento castigado por mais uma infame estiagem.
Ah! Sou testemunha do quanto sofrem os sertanejos com a seca sempre inclemente.
Eu menino, no Iguatu, vi o drama de centenas de famílias disputando, quase à tapa, um prato de comida. Ajudavam-nas, e muito, a Igreja Católica, e os cidadãos caridosos da cidade.
É "o inferno que sempre queimou o meu Ceará", como cantou o saudoso Gordurinha em Súplica cearense.
É, porém, oportuno lembrar, que mesmo castigado pela mãe natureza, às vezes tão impiedosa, nem por isso o cearense perde a sua alegria; a sua verve; o seu jeito lúdico de viver!
São inúmeros os cearenses que saem pelo Brasil afora fazendo muita gente feliz, com o seu humor sempre renovado. É o "Ceará moleque" que faz a gente morrer de dar risadas, nas piadas picantes, por exemplo, de um Falcão, de um Tom Cavalcante, de um Renato Aragão.
Sem nunca esquecer Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho, nosso igualável Chico Anysio, no seu tempo, o maior e o mais completo humorista brasileiro.
Viva-se o Ceará com intensidade e facilmente se verá quão felizes são os alencarinos, apesar de tudo...
***
Estórias do meu Ceará. Poderia dizer melhor: estorinhas interessantes do meu Ceará. Ô, são tantas! Mas, por enquanto, conto três.
A primeira estória. Solonópole, a 277 km de Fortaleza. Essa cidade, segundo um jornal do Ceará, "é conhecida por homenagear papas."
Lá pelos anos 1950, o solonopolense (?) José Furtado deus aos seus quatro filhos os nomes de batismo de quatro Pontífices.
Pecci, nome do Papa Leão XIII; Paceli, nome do Papa Pio XII; Roncali, nome do Papa João XXIII e Montini, nome do Papa Paulo VI. E ressalta a notícia: em tom de brincadeira, o povo de Solonópole chamava a casa dos irmãos papas, de Vaticano.
A segunda estória. Itatira, a 220 km de Fortaleza. Nessa pequena cidade há um "jumento apicultor"! Seu nome? Boneco. Ele ajuda - incrível! - seu dono, seu Manuel Juraci, "a retirar do apiário cerca de nove litros de mel por dia."
Para cumprir sua tarefa, Boneco veste uma vistosa roupa de proteção. Garante seu Manuel, que ele é o único jumento no Brasil que faz esse trabalho. Até nisso os nossos jegues, hoje tão despresados, ajudam ao homem!
A terceira estória. Sapé, município de Limoeiro do Norte. Em Sapé, diz o jornal, "a comunidade mantém a tradição da respostada. "Respostada"? Que diabo é respostada? Nos dicionários que andei consultando, essa palavra não existe. Mas os sapeenses explicam: Respostada significa que em Sapé, seus habitantes cultivam "uma habilidade bastante comum" ou seja, "a de ter resposta pra tudo."
Um exemplo. O cidadão sapeense José Régis "levou uma queda e foi ao médico". E o doutor perguntou-lhe: "Zé Régis, você andou caindo?" E o Zé, sem pestanejar: "Não, eu cai andando!"
Êta Ceará velho jocoso! Terra dos apelidos audaciosos, atrevidos, irreverentes às vezes.
No Ceará, nem antigos e respeitados príncipes da Igreja de Roma foram poupados.
Dois grandes arcebispos de Fortaleza, Dom Manuel da Silva Gomes e Dom Antônio de Almeida Lustosa também tiveram seus apodos na boca do povo. O primeiro foi chamado de "bolo enfeitado" e o segundo de "envelope aéreo", por causa de sua figura frágil. Magrinho!
Alegre Ceará! Terra onde o sol - quem não é de lá, não sabe disso - foi estrepitosamente vaiado quando apareceu sobre Fortaleza, depois de uma semana de céu nublado.
No Ceará é assim...
Com a ajuda da Internet, vez em quando, dou um pulinho no meu Ceará. Lendo seus jornais e escutando suas rádios, fico sabendo de tudo o que por lá aconteceu, está acontecendo, ou vai acontecer. Internet legal! Num ligeiro clicar, trago minha terra pra junto de mim!
Tem vezes que me vejo na Praça do Ferreira comendo o pastel do Leão do Sul; ou andando na Avenida Beira-mar, em tarde de sol poente. Outras vezes, correndo o seu querido sertão, no momento castigado por mais uma infame estiagem.
Ah! Sou testemunha do quanto sofrem os sertanejos com a seca sempre inclemente.
Eu menino, no Iguatu, vi o drama de centenas de famílias disputando, quase à tapa, um prato de comida. Ajudavam-nas, e muito, a Igreja Católica, e os cidadãos caridosos da cidade.
É "o inferno que sempre queimou o meu Ceará", como cantou o saudoso Gordurinha em Súplica cearense.
É, porém, oportuno lembrar, que mesmo castigado pela mãe natureza, às vezes tão impiedosa, nem por isso o cearense perde a sua alegria; a sua verve; o seu jeito lúdico de viver!
São inúmeros os cearenses que saem pelo Brasil afora fazendo muita gente feliz, com o seu humor sempre renovado. É o "Ceará moleque" que faz a gente morrer de dar risadas, nas piadas picantes, por exemplo, de um Falcão, de um Tom Cavalcante, de um Renato Aragão.
Sem nunca esquecer Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho, nosso igualável Chico Anysio, no seu tempo, o maior e o mais completo humorista brasileiro.
Viva-se o Ceará com intensidade e facilmente se verá quão felizes são os alencarinos, apesar de tudo...
***
Estórias do meu Ceará. Poderia dizer melhor: estorinhas interessantes do meu Ceará. Ô, são tantas! Mas, por enquanto, conto três.
A primeira estória. Solonópole, a 277 km de Fortaleza. Essa cidade, segundo um jornal do Ceará, "é conhecida por homenagear papas."
Lá pelos anos 1950, o solonopolense (?) José Furtado deus aos seus quatro filhos os nomes de batismo de quatro Pontífices.
Pecci, nome do Papa Leão XIII; Paceli, nome do Papa Pio XII; Roncali, nome do Papa João XXIII e Montini, nome do Papa Paulo VI. E ressalta a notícia: em tom de brincadeira, o povo de Solonópole chamava a casa dos irmãos papas, de Vaticano.
A segunda estória. Itatira, a 220 km de Fortaleza. Nessa pequena cidade há um "jumento apicultor"! Seu nome? Boneco. Ele ajuda - incrível! - seu dono, seu Manuel Juraci, "a retirar do apiário cerca de nove litros de mel por dia."
Para cumprir sua tarefa, Boneco veste uma vistosa roupa de proteção. Garante seu Manuel, que ele é o único jumento no Brasil que faz esse trabalho. Até nisso os nossos jegues, hoje tão despresados, ajudam ao homem!
A terceira estória. Sapé, município de Limoeiro do Norte. Em Sapé, diz o jornal, "a comunidade mantém a tradição da respostada. "Respostada"? Que diabo é respostada? Nos dicionários que andei consultando, essa palavra não existe. Mas os sapeenses explicam: Respostada significa que em Sapé, seus habitantes cultivam "uma habilidade bastante comum" ou seja, "a de ter resposta pra tudo."
Um exemplo. O cidadão sapeense José Régis "levou uma queda e foi ao médico". E o doutor perguntou-lhe: "Zé Régis, você andou caindo?" E o Zé, sem pestanejar: "Não, eu cai andando!"
Êta Ceará velho jocoso! Terra dos apelidos audaciosos, atrevidos, irreverentes às vezes.
No Ceará, nem antigos e respeitados príncipes da Igreja de Roma foram poupados.
Dois grandes arcebispos de Fortaleza, Dom Manuel da Silva Gomes e Dom Antônio de Almeida Lustosa também tiveram seus apodos na boca do povo. O primeiro foi chamado de "bolo enfeitado" e o segundo de "envelope aéreo", por causa de sua figura frágil. Magrinho!
Alegre Ceará! Terra onde o sol - quem não é de lá, não sabe disso - foi estrepitosamente vaiado quando apareceu sobre Fortaleza, depois de uma semana de céu nublado.
No Ceará é assim...