MÊS DE ABRIL
Tenho lido, desde que passou a SEMANA SANTA. E tenho observado a muda de pé de uva, uma parreira que comprei num lugar fantástico aqui do Rio e plantei num vaso com bastante terra para se desenvolver na minha varanda. Se crescer demais , levo pro sítio. Quando sento no sofá da sala e vou ver Os Simpsons, ou noticiário, ou até bordar sem vontade, primeiro eu olho a parreira se desenvolvendo e percorro com prazer a beleza de suas folhas verdinhas cheias de vida se desenvolvendo e galgando lugar mais alto e amplo na porta de grade de ferro até o teto. A beleza dessa vida crescendo e se agarrando ávida na grade é de uma companhia tão boa, melhor que a TV e qualquer outra coisa. Ela tem um meio de agarrar, enrolar-se no ferro, nome que me foge agora, pois na cabeça estou sem nomes, só tem  uma tranquilidade de espera. Espero ir pro sítio. Tenho um sitio com futebol e piscina e uma represa de água de nascente com muitas árvores e fruteiras.
                Solteira e estudante ainda eu já curtia este lugar que minha mãe me deu. Minha mãe me dava coisas que não dava para os outros irmãos, era um bom entrosamento que tínhamos de amor e de confiança.Uma coisa ser minha era o mesmo que ser dela. Depois da represa, que é um lugar lindo e fresquíssimo sobe um morro que já foi pasto e também já foi ali uma fantástica plantação de brócolis que permiti que meus empregados plantassem para ter renda própria além do salário. Coisa que fizeram com todo sucesso.
                Lá em cima após o pasto tem uma casa chamada Catetinho e já falei nela muitas vezes. A casa tem magia: entro ali e me sinto melhor, é uma casa de alma, eu falo com ela. E lá fica a minha gata Neném que amo tanto, tanto, que só falar nela me dá saudade.
                Estive lendo um texto da Conceição falando do seu primeiro emprego ou trabalho. E, há muito tempo ela falou de um lugar atual que ajuda a tomar conta de pessoas que para lá vão, talvez idosos. Fiquei muito interessada neste lugar e atividade dela. Seria uma caridade? Seria uma pousada? Fiquei com essa indagação só comigo, e pensei em fazer do meu sítio um lugar parecido, em que pessoas pudessem ir e descansar e ter atividades prazerosas, com pessoas feito a Conceição cuidando desses hóspedes. Ainda tenho vontade meio virada só sonho, pois não tenho jeito para tal; estou mais para hóspede do que cuidadora e realizadora. Meus três filhos que ali cresceram e adoravam não querem saber mais de ir lá.
                Eles olham para o sítio como olham para mim.
                Mas a muda da parreira que ainda cabe aqui no Rio já está pedindo para ir para o sítio, ali sim é o melhor lugar pra ela. Escrevo e penso isso com um carinho, meu Deus! Estou escrevendo com meiguice lembrando da Conceição, do Celso, da Anabailune, do Stan, da Bia, da Parabólika, do Hermílio, da Zélia, do Cacá, e outras pessoas lindas do Recanto.
Gosto do mês de abril, é o mês do meu aniversário. Estou ficando velha, mas como disse a Erika estou com boa 'motricidade', palavra que adorei. De lucidez e amor estou cheia. Mas o bolso vazio, não dá para viajar ou realizar  sonhos. Por isso, enquanto a cabeça e a alma estão boas, vou escrevendo. Dois livros prontos só falta editar, mas não tenho pressa. Agora, no momento o mais importante é a parreira em terreno novo e a Neném, nos meus braços.