QUEM É O CANTÔ ?
Se eu dissesse que sou um poeta, certamente seria muita pretensão da minha parte, mas gosto de escrever só por hoby e acabo produzindo alguns textos, talvez nem tanto elaborado como deveria, até porque a ficção e eu temos um vínculo muito forte, na minha infância eu ficava me fantasiando na minha inocente imaginação de me tornar um ser encantado, com varinha de condão e tudo.
Matriculei-me na escola, não me lembro de se com nove pra dez ou dez pra onze anos e quando aprendi a ler e escrever, na minha adolescência, com doze ou treze anos, já comecei escrever alguns versos, inspirado na literatura de cordel, pois gostava de ler romances em cordel, como Pavão Misterioso e outros.
Também gosto muito de músicas, sendo bastante eclético, um gosto mais acentuado pelo sertanejo, mas curti muito também a jovem guarda, sou muito fã do Roberto Carlos, curto samba e todos os ritmos e estilos de músicas. Tratando-se de cantar, sou um ótimo cantor de chuveiro, pois tenho que cantar em voz baixa, para não incomodar a patroa com minha belíssima e afinadíssima voz.
Com todas essas “qualidades” de cantor e aproveitando alguma facilidade para escrever, resolvi aventurar-me como compositor, mas tive menos êxito que na literatura.
Foi no ano de 1968, se não me falha a memória, ano de eleições municipais, o candidato que meus pais votavam no cargo de prefeito da cidade de Rondon, no Estado do Paraná, chamava-se Jácomo Buogo e o vice Artur Artman. Naquela época tocava muito no rádio músicas sertanejas e tinha uma dupla que eu gostava muito de ouvi-los e até hoje gosto de suas músicas. Uma delas que estava tocando bastante, tinha um refrão que dizia:
Desate que eu quero ver
Este nó que vou lhe dar
Não desato pra você
Você tem que desatar.
Inspirado nessa música, eu tive a brilhante ideia de fazer uma paródia de sua letra, não lembro-me mais como ficou as estrofes, afinal já se passaram quase cinquenta anos e a música não emplacou e ainda só cantamos nessa campanha política, mas o refrão ficou assim:
Vote que eu quero ver
Quero ver você votar
Vote em Jácomo Buogo
É ele que vai ganhar.
Na verdade fomos bastante aplaudidos e os candidatos que eram Jácomo a prefeito, Artur a vice e o candidato a vereador da nossa preferência, era um forte sitiante que tinha suas terras limitando com a fazenda que morávamos, chamava-se Irineu Bastregui e também mencionado na música, ficaram bastante lisonjeados, pelas simples palavras do filho de um trabalhador rural e que não tinha feito nem a quarta série do antigo primário, mas que exaltavam as qualidades de seus candidatos.
Chegou o grande dia do comício que se realizou nessa fazenda que meus pais e irmãos trabalhavam, fomos nós o trio, Cézar, Dedé e Dai. Cezar, eu o compositor da paródia, Dedé o meu irmão José e Dai um adolescente colega nosso que era assim por nós conhecido.
O mico foi o seguinte: Meus companheiros de trio não tinham decorado a letra da música e ainda como éramos ótimos cantores de banheiro, nenhum de nós entendíamos de nota musical, acredito que cada um cantava em uma nota diferente ou nenhuma nota. Por outro lado eu “o vocalista”, tremendo de vergonha, pois nunca tinha visto um microfone de perto, mas apesar dos pesares, o meu amigo Dai era o mais desinibido, antes de cantar a última estrofe me deu um branco e meu amigo deu-me um cutucão, aí eu disse sem tirar o microfone da boca, “já cabo”.
Arrancamos risos, mas também aplausos e até hoje se pergunta pelas redondezas: Quem é o Cantô?