Incoerências do Trânsito II

A propósito de texto anterior, em que não fujo à responsabilidade pelo cometimento da infração, induzido pela habitualidade dos outros condutores, formando uma fila de carros estacionados em toda a extensão da rua, deixo aqui um comentário mais contundente, agora sobre uma multa indevida.

Não faz muito tempo, recebi uma notificação de autuação de infração de trânsito por “uso de fones de ouvidos ou similar”. Convicto de que não cometo esse tipo de infração e de que o local da ocorrência não faz parte do meu roteiro habitual, cheguei a imaginar que poderia ter sido alguém da família que, naquela data, tivesse utilizado o meu veículo. Admiti que gente jovem tem o hábito de usar fones de ouvido. Não pensei em apresentar nenhuma defesa, antes de me certificar da real situação. Após o contato com a filha e o genro, únicas pessoas que poderiam ter usado o veículo naquele dia, chegamos à conclusão de que o veículo nem saiu da garagem naquela data. Um dia fácil de memorizar pelo fato de termos ido a um casamento em Pernambuco, tendo utilizado o carro do genro, comprovando assim que o meu ficou na garagem e ninguém adentrou à minha casa, naquele dia.

Ao justificar-me para a SMTT, ponderei que poderia ter sido erro de leitura ou de digitação, admitindo já ter visto na praça um veículo igual, cuja placa tinha as mesmas letras e os mesmos números, estes com uma pequena inversão da ordem em dois deles.

A hipótese de erro de leitura ou digitação era para mim uma certeza absoluta, pois o veículo não havia saído de casa. Entretanto, admiti que entre a minha palavra e a do agente de trânsito, por certo valeria a dele. Paguei a multa, sim senhor.

Mas ficou aquela frustraçãozinha do sertanejo que sempre ouvia dizer lá pras bandas do meu sertão que “a palavra do homem honrado vale mais do que qualquer documento assinado”.

Agora, este sertanejo, morando na capital, já constatou que aqui nem documento assinado é respeitado. A burocracia no serviço público ainda remexe o túmulo de Hélio Beltrão, primeiro e único ministro da DESBUROCRATIZAÇÃO.

Irineu Gomes
Enviado por Irineu Gomes em 01/04/2013
Reeditado em 01/04/2013
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