RELIGIÃO. AMAR. RESPEITAR.

A alma, ponto nevrálgico e imaterial que embora não tenha definição formal impulsiona nossos movimentos emocionais, está entrelaçada ao amor, irmão gêmeo do respeito, como o pensamento, nascido da alma, que com força hercúlea os cientistas se desdobram para tornar mais claro seu processo formador no cérebro. Com todo o empenho, como recentemente dado a conhecer, a nada mais chegam do que o esquema elétrico em infinitas conexões.

Li ontem e comentei, texto de nossa amiga Maria Olimpia que aponta sua religião como RESPEITO, que colocaria ao lado do amor e como principal pilar. Se respeitamos a todo mundo que é respeitável como pessoa, e não transgredimos as leis, esta é uma religião satisfatória. E acrescenta que não pode amar mais outra pessoa do que a si mesma, ao próximo mais do que a si.

Este é um mero princípio, “amar o próximo como a si mesmo”. Os princípios regem as condutas e elas não são absolutas em exigibilidade, como nas leis obrigatórias a todos, sendo proibido alegar desconhecimento das mesmas como benefício próprio. Existe a mitigação, o arrependimento eficaz, o exercício de direitos que repelem os direitos dos próximos, e são legítimos. A própria lei os legitima.

Mas amamos próximos até mais do que a nós mesmos, por isso não ser absoluto o princípio. Amamos mais nossos filhos que a nós mesmos, e nossos netos. Acho que aquele que realmente ama os filhos nada pode colocar em contrário. E alguns amam mais os próximos do que a si mesmos, ainda que não sejam filhos,mas pais, irmãos, companheiras, etc. Fazem tudo e dão até o maior bem, a vida, por estes próximos. Estão diante de nós as doações de órgãos , etc.

O próximo não é o desconhecido, não tem essa abrangência o princípio, necessita exegese, já que é regra, próximo é quem está próximo, em sentido estrito. As regras, todas, necessitam hermenêutica. Conheço e vi em próximos a total negligência com próximos, abandono material, evidentemente não amavam seus próximos, omissão pura e cruel. As vezes por conforto pessoal, e por questões de avareza, dinheiro.

Amar o próximo como a si mesmo, sinaliza ter humanidade com as pessoas em geral, o próximo “lato sensu”, não fazer com essas pessoas, mesmo desconhecidas, o que não queremos que façam conosco. Isso é amar respeitando. Só o amor que significa antes de mais nada respeitar, é possível para quem tem afeição, carinho.

Não pode só se respeitar a quem se ama, e não é possível respeitar quem respeito não merece, mesmo que não transgrida a lei humana. O fator ético não é punido por vezes, não tem sanção alguma, nem em gênero ou espécie, quando não atinge o ilícito civil ou penal, e não são respeitáveis certas condutas, mas não há coerção, punição. Um simples exemplo, quem “fure uma fila” que devia ser respeitável, não respeita, e não merece respeito. Não há lei impeditiva para "não furar fila", é ética. Mas existem outras condutas de maior gravidade com relação à dignidade humana, e estão na ordem das discussões atuais, para marcarem regulações jurídicas, que não merecem pelo menos meu respeito, como a impossibilidade de uma pessoa vir a conhecer no futuro seu pai, por total impossibilidade em razão da mecânica genética pela qual veio ao mundo.

A alma anda de braços dados com o respeito para quem ama. Não há amor sem respeito, embora possa se respeitar quem não se ama com afeto. Afeto, admiração, emoção plena estão associados a amor.

Como a alma, de difícil projeto definir, assim são as religiões. Mas, pode-se dizer, que a alma é irmã do pensamento. Ambos intangíveis, daí o grande enigma.

Estamos no santuário de portas segredadas, cerradas, aspirado entrar por todos que se entregam a essa árdua e impossível tarefa, sumamente superior às forças humanas, campo de estudo das grandes questões inacessíveis. Vale a corrida frenética na tentativa de penetrar o menos no tudo do impenetrável.

Em sânscrito, a fé, “visvas”, guarda similitude quase gramatical com a ação do verbo viver, dirigindo-se a respirar, energia vital, confiar e estar livre do medo, e ter sua religião respeitável.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 01/04/2013
Reeditado em 01/04/2013
Código do texto: T4217861
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