E VAMOS À LUTA!

Vira e mexe ouço alguém dizer que fulano perdeu cicrano porque não soube lutar por seu amor. Basta um desencontro e lá estão os “amistosos” comentários: “Você precisa lutar pelo (a) homem (mulher) que você deseja. Como assim deixou escapar?”

Fico me perguntando que armas estão disponíveis no mercado para estas incansáveis lutas. Deveria usar armaduras? Rosa ou lilás? Hum. Preciso observar o tom dos sapatos primeiro. Armas de que calibre? Acordos com algum comando? Propina? Seria prudente criar trincheiras para me proteger das consequências de meus ataques? Ou não deveria atacar? Mas sem ataque, como saberão das minhas intenções de conquistar o território alheio? Ah, sim. Guerra fria. Saquei. Mais de quatro décadas de tensão e equipamentos bélicos pesadíssimos, capazes de destruir o mundo. Boa estratégia, não? E lá se foi a vida, em quatro décadas de tentativas.

Permitam-me expressar em “adolescentês” claro: Cara, tipo assim... Sem noção, sabe? Não consigo conceber a ideia (voltando ao bom português), de ter de lutar por um sei-la-quem que sei-la-por-que-motivos está dando uma de “abertura externa do reto açucarada”, durante a tentativa de aproximação. É muita informação para meu cerebelo.

Tem gente que “não ‘sobe’ nem sai de cima”; outros têm dúvida sobre qual das(os) duas(dois) (ou mais) escolher como companhia “definitiva” (que seja eterno enquanto dure, claro!). Há ainda os que investem nos ditos “jogos de sedução” que, em boa parte das vezes, não passam de recursos para satisfação do ego. Até que ponto sou interessante e irresistível aos olhos dele(a)? Indagam-se. E saem em busca da resposta, alimentando ilusões, sem importar-se com o resultado final. Neste caso o encontro, na essência da palavra, é o menos importante. E, nestas circunstâncias, sequer chega a acontecer. Estar ao lado nem sempre é sinônimo de estar junto.

O filósofo Spinoza dizia que “é da natureza de todos os corpos, incluindo o humano, afetar e ser afetado por outros corpos. A vida é um permanente jogo de encontros. Se nesse jogo, um corpo combina com o nosso, as forças se somam e acontece um aumento da nossa potência, que para ele é alegria. Alegria se traduz em ação”. Para o filósofo, este é o bom encontro.

Um jogo de encontros, nas palavras de Spinoza, mas também de despedidas, para lembrar Milton Nascimento. Entender a vida com este olhar é acreditar que “quando tem que ser, acontece e pronto.” Simples assim. Ou não é? O que há de tão complexo na aproximação entre dois seres humanos, a ponto de demandar “luta” por uma das partes? Fazer acontecer, sem esperar tão passivamente pelo fluxo dos acontecimentos, ok. Óbvio que é necessário. E não é isso que discuto. Mas, considerando a existência dos bons e verdadeiros encontros, comparar essa proatividade com intensos e intermináveis climas de combate, sorry, não faz sentido algum.