Receita pra sentir e pronto
Eu queria escrever uma coisa simples. Não precisava falar de amor. Eu queria falar de saudade. Uma saudade constante. Única e estranha. Como se ela se renovasse todos os dias. Junto com ela vem uma sensação de liberdade, de desejo, de proibido. Não sei explicar. Eu estremeço inteira quando penso, meu coração acompanha como se tremesse também, esquenta e parte todos os medos com um golpe gélido em minha barriga.
Pra compensar o que "evito" eu sonho. Sonho com uma rede. Com uma cachoeira. Com uma tarde de sol e uma estrada vazia. Coloro pássaros em bando. E aumento o tom de verde nas árvores. Grudo meus olhos no acaso e encontro um fio de esperança por entre as montanhas das minhas orações.
(Eu só compenso. Não significa que é mais fácil fazer assim.)
São tantas receitas sobre como amar, tantos conceitos para o amor, e a maioria tão oito ou oitenta. Agora, depois de tantos anos, acredito que o amor seja uma reserva de emoções, de sensações, todas duradouras. Não gosto de rótulos, logo, o amor, não deve ser "isso" ou "aquilo", "daquele jeito" e pronto! Claro que é interessante falar de amor, eu mesma já falei tantas vezes. Ainda falo (olha eu aqui! Disse que queria falar sobre saudade, mas me perdi no caminho.). Não acredito que possamos defini-lo, o bom mesmo é questionar. Nem isso! O bom mesmo é sentir! Se envolver! Se perder. Flutuar...
Eu fiz uma entrevista comigo esses dias e cheguei à conclusão de que quanto mais eu questionasse mais confusa ficaria. Então decidi:
Amor tem nome pra mim.
Tem um nome.
Sempre teve. Sempre esteve - por mais que o negasse. Por mais que eu fugisse. Por mais que me sabotasse. Ele permaneceria ali. Mesmo que quieto. Abafado por alguma ilusão ou por alguma dor.
Me pergunto: Em qual vida um amor acontece? Em qual vida deve acontecer?
Te pergunto: Em qual vida seremos?
Eu já nem sei de mim. Quanto mais de nós. (Te encontro na árvore.)