SOMOS, DE FATO, INTELIGENTES?

Às vezes eu me pergunto do quanto de inteligência é dotado o ser humano, principalmente, o ser que tem o comando, o que cria regras e tem poder de decidir sobre o destino de milhares e/ou milhões de pessoas.

Fico abismado com a pouca habilidade cerebral do homem de, através dos séculos, achar que o melhor método de conviver coletivamente é subjugar o seu próprio gênero através da escravidão, de guerras e genocídios, sem parar para pensar que, em tudo isso, grilhões causam dores, matanças, infanticídios e subdesenvolvimento. Guerras sempre tiveram dois lados de derrotados – e nunca um que venceu todas elas. O genocídio contra a humanidade, mesmo antes de o termo ter sido criado, em 1944, já existia com outro nome desde a Idade Média e acabou por gerar mais genocídio e mais gente participando – uns defendendo (significando que matam quem está usando do poder para eliminar grupos nacionais, étnicos raciais e/ou religiosos) e outros agredindo (dizimando as minorias e os que vieram em seu socorro).

Espanta-me mais ainda que, em pleno século XXI, num mundo onde a globalização, através das tecnologias digitais, aproxima os povos, tornando-os mais indivisíveis em sua coletividade, é surpreendente como a burrice humana, por intermédio de seus líderes, continua a protagonizar os mesmos eventos, como se esse proceder fosse algo natural e fizesse parte do calendário cíclico da Terra.

Vemos, no momento – onde deveria haver a mais absoluta paz –, o ódio destruindo a coexistência humana e tudo (inacreditável!) em nome do mesmo deus; vemos líderes que, ao invés de matarem a fome do seu povo, matam o seu povo para poderem continuar no poder; e vemos líderes que, treinados na mais absoluta escuridão dos valores éticos, desde a infância, chegam ao poder alucinados pelo extermínio e assombram o mundo com seus mísseis e suas bombas de destruição em massa.

E para que tudo isso? Imagino que, em caso de uma guerra mundial hoje, o mundo está fadado ao seu fim. Acredito que a vida humana, considerada a única dotada de inteligência racional, que inventa, cria, descobre, aperfeiçoa, muda conceitos, moderniza-se, irá acabar.

Será possível que o homem não percebe que o poder não é uma arma e que ser líder não significa estar acima do bem e do mal? Que o mundo precisa, na verdade, é viver em comunhão, prevalecendo o bem comum entre os povos e que o verdadeiro líder é aquele que tem a capacidade de conduzir pessoas e equipes – de personalidades distintas –, e dirigi-las, estimulando-as para desígnios comuns não significando fazê-las prisioneiras de suas vontades e, muito menos, fazendo-as participar de algo que seja incoerente com a condição humana que é viver em sociedade?

Sabe, tem mais uma coisa que me intriga: há dois mil anos andou um homem pregando a comunhão entre os povos. Seu gesto foi seguido por muitos. Chegaram, inclusive, a fundar uma nova ordem religiosa. Seus preceitos, todos, estão baseados no amor e na caridade. Mostrou, com palavras e ações, como viver em paz e em harmonia de espírito. Nunca usou de sua liderança para incitar os seus seguidores e iniciar uma revolta e/ou mudar a ordem vigente da época, com o uso de armas. Fez o contrário. Usou do verbo e de exemplos, para mostrar o que pode ser feito quando o povo se irmana em torno do bem comum.

O resultado? Mataram-no. Porém, os seus ensinamentos, até hoje, são exemplos para os homens, embora alguns se aproveitem para desvirtuá-los em benefício próprio. São os líderes que Ele mesmo chamou “de falsos profetas”.

Pois bem... Porque é tão difícil para quem raciocina, para quem tem a capacidade de discernir entre o que faz bem e aquilo que só traz o mal, encontrar um equilíbrio entre o poder e a razão e que eles tenham como pêndulo, a tão sonhada paz entre os homens?

Nesta semana tão especial, marcada pela rememoração da crucificação daquele que, segundo a Palavra, morreu para nos salvar, não nos custa refletir sobre viver os caminhos da humildade, do servir e do amor ao próximo. Façamos, pois, a nossa parte – mesmo que, para isso, precisemos usar de nossas cruzes como bandeiras de mudanças...





Imagem da Web
Augusto Rodin
"El Pensador"
Museu Rodin, 1903. Bronze. Altura 1,80 cm 
Raimundo Antonio de Souza Lopes
Enviado por Raimundo Antonio de Souza Lopes em 31/03/2013
Reeditado em 14/05/2019
Código do texto: T4217250
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.