INTRA MUROS

Prof. Antônio de Oliveira

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Por medida de segurança, cidades antigas costumavam ser cercadas de muros. Essa expressão, em latim, significa dentro dos muros, dentro do recinto de uma cidade. Significa também uma comunicação restrita, tipo memorando interno.

No Brasil, estamos vivendo literalmente “intra muros”. Mas o Brasil, o mundo, não deveria precisar de muros. Muro faz lembrar, entre outros, o muro de Berlim. Deveriam bastar, quando muito, fronteiras, divisas, limites. Entre vizinhos, deveriam bastar sebes, de preferência sebes vivas, cercas de arbustos entrelaçados e abraçados, e não muros altos, cercas elétricas. Enchendo os bolsos dos donos das empresas de segurança. Determinados

limites são indispensáveis à nossa conduta, à convivência humana. Em sinal de respeito ao espaço alheio. Mas não como divisão, separação, autodefesa. Em alguns lugares se vive assim: em paz!

Limites naturais seguem a ordem da natureza. De acordo com a criativa linguagem do Gênesis, Deus separou umas águas de outras águas. Limites naturais continuam separando o oceano do litoral; as montanhas, das planícies e dos vales. O leito de alguns rios forma um cânion nas suas laterais, como se fora uma garganta sinuosa e profunda cavada por um curso d’água.

Por outro lado, muralhas externas semelham imagem de nossas muralhas internas. Muralhas que se projetam contra o nosso próximo em paredões de ambição, demagogia, egoísmo, exploração, inveja, vingança. Segundo a versão perspicaz do nosso homem do campo, três são as causas do crime: barra de ouro, barra de saia e barra de córrego. Barra de ouro, significando heranças, divisão de lucros, questões de negócios, desavença entre sócios; barra de saia, mulher; barra de córrego, córrego que separa propriedades rurais e, por extensão, divisas, lindes de terras. O que pode levar às barras do tribunal, para uma sentença numa única palavra, como numa barra de código: Culpado! Quando, então, não dá para segurar a barra.

Antônio Oliveira MG
Enviado por Antônio Oliveira MG em 31/03/2013
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