A LEI DAS EMPREGADAS DOMÉSTICAS



Atualmente quem trabalha aqui em casa é uma diarista que vem duas vezes por semana. Mas eu já tive empregadas domésticas, sim. Que nunca prepararam meu café da manhã, a quem jamais pedi que fossem comprar o que quer que seja na feira ou supermercado, nem mesmo um pãozinho na padaria da esquina. A função delas era cuidar da casa, fazer o almoço, lavar e passar roupas. Tudo de maneira profissional. Não precisavam brincar com as crianças, atender ao telefone ou fazer cafezinho para as visitas. Tampouco se preocupavam com o esfrega-esfrega, pois uma faxineira era contratada para o serviço mais pesado. Elas entravam por volta das oito da manhã e às quatro horas da tarde encerravam o expediente. Antes de sair tomavam um demorado banho de chuveiro. Com carteira assinada e recolhimento integral ao INSS, no final do ano recebiam o décimo terceiro salário, bônus de Natal e tinham férias remuneradas. Além disso, jamais trabalharam aos sábados ou nas noites em que recebi convidados. Se por acaso precisasse de reforço em ocasiões de alguma festa, eu preferia contratar outras pessoas, deixando assim de sobrecarregá-las ou dar oportunidade a desagradáveis discussões que poderiam surgir.

Nos dias de hoje não conheço nenhuma casa, seja aqui, na cidade de São Paulo ou no Rio de Janeiro em que transitem as tradicionais ‘empregadas domésticas’, muito menos uniformizadas. Só as vejo em novelas, trabalhando até altas horas servindo jantares ou oferecendo chazinho aos patrões no momento em que vão se recolher. Parece-me que esta função está em desuso, quase todo mundo prefere as diaristas, o que não deixa de ser interessante para ambas as partes: os patrões gastam menos e elas ganham mais.

Não tenho nada contra os direitos das empregadas, mas creio que esta nova lei para as domésticas veio com atraso, agora que a própria vida moderna já se encarregou de modificar nossos hábitos. Os eletrodomésticos facilitam o serviço da casa, os homens não têm mais vergonha de entrar na cozinha e até rapazes sabem lidar com a lavadora de roupas. Além disso, é enorme o número de pessoas que almoça fora, perto do trabalho, pois o tempo é escasso e as distâncias são grandes.

Dá até a impressão de ser um ‘agrado’ a uma classe de votantes...






(*) Nota: minha diarista tem férias remuneradas e, se quiser,  pode repor um feriado não trabalhado ou trocar um dia se houver necessidade.