Angel's Kingdom
Angel’s Kingdom
O Começo.
Uma invasão em um dos vilarejos no setentrião, principiou a preocupação de Gutierre Tor (bispo ortodoxo da cidade central) sobre uma possível tomada do território glacial que fazia parte de seus domínios. Com medo de perder o controle por suas terras ele decidiu pedir ajuda ao patriarca de Constantinopla, Gerard Lebrun, cujo poder de decisão era inquestionável. Enviou-lhe uma carta explicando a situação e Lebrun entendendo que se tratava de uma situação grave, determinou que fosse convocado Lord Adrian Maundrell para reger um ataque, afim de libertar as terras dos bárbaros. Adrian era conhecido por dedicar total apoio a igreja ortodoxa, batalhando ao lado de homens impetuosos, em inúmeras guerras sangrentas, sem questionar as ordens do patriarca.
Filho único, não conheceu sua mãe, pois ela falecera poucos minutos após seu nascimento, ele vivia com seu pai em uma casa simples na Valáquia. Lord Alec Maundrell, era um grande guerreiro Turco que fora flechado em um ataque premeditado pelos soldados do império Otomano, na guerra interminável pela conquista européia. O próprio Lebrun, que era seu colega de cavalaria, levou o general as pressas para a tenda da tropa, mas mesmo com todos os cuidados, não pôde resistir a infecção. Conseguiu apenas esperar que o filho adolescente viesse a seu encontro para lhe entregar a sua espada. Adrian tinha apenas quinze anos quando prometeu que defenderia todos aqueles que estiveram ao lado do pai, e que seguiria o regime militar em prol da justiça e da ordem. Ainda novo deixou sua vida para devotar seu sangue ao que ele acreditava ser justo. Após o enterro de seu pai, Lord Adrian entrou para as forças militares da Romênia e com do passar o tempo mostrou seu valor, tornando-se general e aumentando sua tropa em mais de 200 mil soldados.
Alguns anciões contavam que durante um conflito com um grupo de feiticeiros que tentavam invadir no sul da Válaquia, o exército fora amaldiçoado pelo líder Wicca, tornando cada homem e seus descendentes em felinos ferozes. As histórias corriam por toda cidade. “O exército dos Panteras”, assim eram chamados pela população que acreditava que todo aquele que entrasse à milícia se tornaria uma pantera, mesmo que não fosse descendente dos soldados, pois os novos aprendizes eram obrigados a tomar do sangue dos amaldiçoados. Um exército de grande valor. Seus hábitos estratégicos fixavam ainda mais as lendas a respeito da maldição. Costumavam atacar na calada da noite e todos tinham a particularidade de serem lideres natos, criando uma sincronia de pensamentos e movimentos indescritível. Os panteras estavam sempre prontos para o imprevisível. Cada recruta passava por um rigoroso teste de aptidão e mostrando sua inteligência, audácia, vivacidade e destreza para a luta, eram convocados a fazer seus votos, assim como a promessa de Adrian a seu pai.
Assim que recebeu a carta com as ordem de exterminar os bárbaros, Adrian saiu com metade seu exército rumo ao vilarejo que tinha sido dominado pelos “Yarks”. Seres com uma cultura estranha, da qual fazia parte não enterrar seus mortos, e sim cortá-los em pedaços, dar sua carne aos cães para comerem e usar os restos dos ossos como amuletos da sorte. Eram agressivos matavam os homens e escravizavam as mulheres das vilas que invadiam. Cruéis e ferozes. Sua alimentação baseava-se em carne de cachorro ou raposa, leite de égua e seiva de bétula. Como vestimentas, utilizavam peles brancas, confeccionadas a partir dos peles de leopardos das montanhas e ursos polares. Seu líder tinha cabelos brancos e usava como estratégia primária a camuflagem e o confronto direto.
O confronto
Os panteras saíram da Valáquia no inicio do verão, atravessando territórios ainda inexplorados, acampando pelas florestas escuras, matando animais selvagens para a própria alimentação, chegando ao destino almejado faltando apenas um dia para o inverno se instalar naquela região. Para os soldados que estavam habituados a enfrentar terríveis embates, atravessar parte do continente para resgatar uma vila era algo fácil. Aproveitaram-se da viajem para treinar intensivamente, reflexo, visão noturna, mira e força. O som da natureza misturado ao tilintar das espadas, a colisão das clavas se chocando, os ocos das flechas acertando árvores sem piedade e as vozes dos homens disciplinados e obstinados, demonstravam o quão sagazes aqueles jovens soldados eram. Eles sequer notaram o passar do tempo de tão proveitosa que fora a viajem. Homens tão unidos, que poderiam sentirem-se em casa em qualquer situação. A irmandade predonimava entre eles e isso os tornava bravos guerreiros. Estes que surgiam lentamente acima da montanha que dava visão para o vilarejo, ajudando-os a planejar o ataque que obviamente seria noturno. Montaram o acampamento e aguardaram as instruções. Adrian, recrutou uns dez rapazes da cavalaria para espionarem os movimentos dos bárbaros. Enquanto os soldados não voltavam, os homens arrumavam suas armas e davam de comer aos cavalos. Uma semana de espionagem foi suficiente para o comandante saber exatamente quando e a que horas atacar. Segundo as informações que recebera, havia apenas um grupo de 5 mil bárbaros, o que era pequeno em relação aos 100 mil homens que Adrian havia levado. E assim, o general esperou que anoitecesse e reuniu seus homens e os dividiu em grupos, para que cercassem todo o vilarejo, afim de não deixar escapar nenhum Yark. Ao comando de seu general, os arqueiros se colocaram apostos atrás de árvores ao sul, atirando flechas com fogo que prontamente incendiavam os telhados de palha das casas, enquanto os escudeiros, iam pelo norte fizendo a frente dos cavaleiros que adentravam pelo leste e oeste em suas montarias, dilacerando cabeças e corpos dos desprevenidos Bárbaros. Mal puderam revidar. Muitos dos Yarks haviam comido demais em um ritual para os seus deuses e pegaram no sono pesado. Foram encontrados acordados em uma tenda ao sul uma mãe e seu bebe recém nascido do qual o comandante dos escudeiros teve compaixão deixando-os vivo, pois para ele não aparentavam perigoso. Alguns correram para onde estavam os arqueiros, morrendo um a um com as flechas, porém um conseguiu esquivar de forma ímpar das letais miras, conseguindo aproximar-se do comandante do batalhão, atacando-o gravemente com uma espada, mas o selvagem não teve tempo de ferir mais ninguém, um golpe certeiro de clava em sua cabeça, moeu seu crânio de forma bruta, fazendo-o cair. Infelizmente o comandante dos arcos não sobreviveu ao ataque. Em pouco tempo, todo o vilarejo fora tomando pelo sangue do bando, dando ao exército dos panteras a conquista do território.
O Dia seguinte
Após a vitoriosa batalha, o general Adrian ordenou que seus homens explorassem toda região para reconhecimento e busca de suspostos fugitivos. Não queria deixar nada passar antes de enviar seu relatório. Dias se passaram, e tudo parecia tranquilo, os soldados não encontraram nada suspeito a princípio. Termas de águas quentes na encosta da montanha foram apreciadas pelos homens, fontes de águas geladas e cristalinas do outro lado da vasta floresta, que tinha uma fauna riquíssima. Ursos polares, lobos, leopardos e raposas observavam por trás da mata a movimentação. Caminhando mais um pouco os soldados descobriram o que aparentava ser uma gruta, talvez com abundância de minérios. Tudo fora relatado ao general nos mínimos detalhes. Então Maundrell fez seu extenso relatório, enviando ao patriarca afim de saber o qual seria a nova ordem dada. A resposta não tardou a chegar. Gerard, ficou satisfeito com o triunfo sobre os Yarks e preocupado com os tesouros que aquelas terras possuiam, decidiu que estava na hora de fundar uma cidade, nomeando Adrian para comandar a construção desta. E assim foi feito conforme sua vontade...
A construção
Uma cidade militar
Lord Adrian Maundrell fez uma reunião com seus comandantes e comunicou a cada um as ordens do patriarca, pediu então que eles explicassem a situação aos soldados, dizendo-lhes a todo aquele que desejasse morar ali naquele lugar, teria que trabalhar na construção e com isso teria direito a uma casa e recursos para viver tranquilamente com sua família. Homens entre vinte e cinco e trinta anos, alguns com famílias outros orfãos abandonados nas capelas por suas mães solteiras, entrgaram-se a milícia logo que completaram quinze anos. Era a faixa etária mínima para fazer parte do rigoroso exército, a mesma idade de Adrian quando se alistou. Ele achava que um jovem tinha que ser disciplinado desde cedo, assim como ele foi. Cada pelotão foi avisado e muitos enviaram cartas as suas familias, pedindo para que viessem imediatamente. Outros decidiram partir de volta para antigo quartel, já que preferiam viver em sua antiga vila na Valáquia. Ainda sim, uma boa parte da tropa permaneceu ali para construir aquela que seria sua nova morada.
Os recursos utilizados foram metade retirado da natureza, mas com o cuidado para não devastá-la demais, e outra parte foi expedida por Gutierre Tor, que enviou arquitetos de sua confiança, junto do material, para o planejamento da construção. A primeira preocupação foi edificar um enorme castelo. Este que mais parecia uma fortaleza daria a origem a proteção da cidade. Muros altos em torno dele, com duas torres de observações protegiam o local. Do lado de fora, também foi construindo muros, e dois portões de acesso no extremo norte e sul. Tudo para dar segurança aos soldados que habitariam ali. Após o término do castelo, construiram rapidamente o capitólio, para que os governantes militares pudessem fazer suas reuniões. Em seguida casas foram sendo levantadas, ruas iam aparecendo a cada dia que passava. O frio intenso predominava naquele lugar, mas nada tão insuportável, era até agradável. Os homens iam para a sua nova taberna, aquecerem-se com uma boca caneca de bebida e um assado gostoso feito pelo dono do estabelecimento. Aproveitaram-se de cada ponto positivo daquele território. Encontraram termas, das quais pensavam ser de águas curativas, além de quentes, então os arquitetos
Logo o verão chegava e os arquitetos recostavam-se pelas sombras das árvores para se refrescar, ao longe podiam notar inúmeros pássaros sobrevoando a cidade, formando uma linda imagem, da qual os homens diziam ser anjos abençoando aquele lugar. E assim o nome Angel’s Kingdom foi ganhando força na boca do povo. O tempo foi passando, ano após ano, os homens seguiam sua construção sem descanso. Durante o dia edificavam a cidade. Depois dormiam felizes em suas novas casas, com suas esposas e filhos. A cidade foi nascendo junto da população que ia aumentando. Aos poucos foram feitos, fazenda, catedral, templos, termas, terminando enfim a fundação da cidade.