Incoerências do Trânsito
Pela televisão, acabara de assistir a uma entrevista de uma autoridade do trânsito, que dizia que em pequenos acidentes, sem vítimas, o veículo deve ser retirado da pista para não bloquear o trânsito. Ao sair de casa, logo no cruzamento da próxima quadra, deparo com um congestionamento decorrente de um simples toque de parachoques, cujos veículos poderiam sair dali sem prejuízo para ambos os proprietários, dispensando qualquer vistoria, pois a despesa de conserto por certo não ultrapassaria a franquia do seguro.
Chego ao destino, um hospital, para onde conduzia a filha, que ia amamentar seu filho recém nascido, internado na UTI Neonatal. A minha intenção era a de estacionar no estacionamento do próprio hospital, cujo porteiro sinalizou não haver vagas. Para não perder tempo, a filha desce e eu vou procurar outro estacionamento. Dei a volta pelo quarteirão e nos próximos dois estacionamentos públicos também não existiam vagas. Passei para o outro lado do hospital, onde há outro estacionamento e também estava lotado. Pelo tempo decorrido, imaginei que a filha já pudesse ter amamentado o filho e voltei para o lado onde ela desceu. Vi, em toda a extensão da rua, carros ali estacionados, como se ali fosse realmente permitido. Por coincidência, vi um que estava saindo e resolvi aproveitar o espaço por ele deixado. Fui até a sala de espera da UTI Neonatal e pouco tempo depois a minha filha estava liberada. Ao chegar ao veículo, percebi a notificação de autuação de multa por estacionamento em lugar proibido. Só então notei que fui induzido pela grande fila que ali se formava. Todos estavam errados, portanto, todos infratores. Alguns estacionados onde a proibição ainda era maior: a placa de proibido parar e estacionar.
Por curiosidade, passei a observar aquele local durante 10 dias consecutivos e a fila estava lá. Como não acredito muito em azar, questionei-me se só eu fui multado. Não vi nenhuma notificação nos parabrisas dos carros, assim como ocorreu com o meu. Pergunto às pessoas que trabalham ali por perto, até mesmo aos seguranças do hospital e todos respondem que ali já é uma prática habitual. Conferi na internet e realmente já estou multado. Apenas ousei fazer um comentário para a SMTT,via e-mail, sem a intenção de isentar-me da multa. Entretanto, se fosse exigir isonomia de tratamento, bem que eu merecia. Se ali existe uma habitualidade em desobedecer às normas de trânsito, caberia uma fiscalização mais rigorosa no sentido de coibir aquela prática e não recorrendo exclusivamente à multa. Não é à toa que já se diz por aí que criaram uma “indústria da multa”.