* Em 1993 fiz o vestibular que me levou a estudar Letras, curso que mais tarde, em 24 de março de 2000, me facultou o diploma o qual me habilita a exercer a profissão de professor.
 
Quero destacar um episódio referente às provas do vestibular citado que ocorreram durante cinco dias.
 
Minha mãe também fez as provas comigo.
Não recordo exatamente o curso, mas lembro muito bem que, mais do que adentrar a faculdade, ela queria me incentivar a realizar o vestibular.
 
Saíamos muito cedo e ficávamos aguardando, no lado de fora, a abertura dos portões.
Num desses dias surgiu uma senhora passando que parou e começou um diálogo amigável.
Ela indagou a razão daquele burburinho (havia várias pessoas papeando animadas no lado de fora), falamos que estávamos enfrentando a “maratona” de um vestibular.
Minha mãe esclareceu que também estava realizando as provas, porém priorizando me ver aprovado. Caso somente eu alcançasse o êxito, ela ressaltou que ficaria bastante satisfeita.
Após essa breve explicação, a senhora tocou carinhosamente no meu ombro e disse muito gentil:
_ Ele vai passar.
Depois ela seguiu adiante e jamais voltamos a vê-la.
 
A senhora evidenciava uma elegância singular.
Vestia uma roupa bonita (que não era simples e não chegava a ser suntuosa) a qual revelava uma combinação perfeita.
Mais do que a roupa, os gestos, a educação sutil e espontânea, a voz tranqüila, o sorriso simpático, enfim, o jeito dela logo nos cativou demais.
 
O resultado sinalizou a minha aprovação e infelizmente não favoreceu minha mãe.
Minha mãe alcançou o diploma da vida, esse que poucas almas conseguem lograr na Terra.
Sem canudos oficiais, foi a dona de toda a sabedoria capaz de torná-la uma mulher tão admirável e encantadora.
 
* Eu e minha mãe algumas vezes conversamos sobre aquela carismática senhora.
 
Quem seria?
Seria realmente um ser terreno ou poderia ser um anjo o qual apareceu naquele instante?
Tamanha sutileza e classe eram formidáveis.
 
Repartimos tal relato com diversas pessoas.
Sempre terminávamos a narrativa revelando o quanto nós ficamos impressionados com aquela nobre senhora expressando uma energia bastante especial e envolvente que muito nos impactou positivamente.
 
“Ele vai passar!”
Essa frase, que foi proferida com tanta ternura e convicção, jamais abandonou a nossa mente.
 
* Foi assim, a ocorrência causou essa incrível impressão, uma sensação deveras legal e profunda que quis dividir com vocês.
 
Enquanto escrevia, me emocionei mais do que imaginava.
Provavelmente porque minha mãe hoje habita outra dimensão e já não pode recordar o fato comigo.
 
Seria espetacular poder relembrar esse episódio mais uma vez experimentando uma das nossas habituais conversas nas quais havia uma parceria bem intensa e bacana!
 
Meu aniversário está chegando, acho que fiquei meio bobo.
 
Vocês certamente perdoarão o meu instante de nostalgia!
 
Um abraço!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 30/03/2013
Reeditado em 30/03/2013
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