Copa do Mundo de 2014 e Jogos Olímpicos de 2016 no Brasil são cancelados por falta de segurança e infra estrutura adequadas. (Manchete de uma tragédia anunciada)
Você sentiu uma pontinha de medo e apreensão? Pois se não ficou, deveria. Esta manchete poderá ser estampada nos principais jornais do mundo caso os organizadores dos maiores eventos desportivos do planeta, não fiscalizarem de modo adequado e eficiente as obras onde milhões de pessoas irão assistir os jogos da Copa do Mundo e dos Jogos da XXXI Olimpíada. Conhece a expressão “cantei essa pedra?”. Pois é, eu penso que estamos nos avizinhando de uma tragédia anunciada – se as autoridades e o povo não exigirem dos responsáveis pela construção e segurança dos estádios, maior rigor no cumprimento das normas internacionais.
Não preciso nem mencionar que nos últimos meses, ocorreram pelo menos 6 desabamentos de marquises, fachada de edifícios, pontes e outras edificações no Brasil. Sem falar na tragédia de Santa Maria que vitimou quase 250 pessoas. Quem foram os culpados?
O que você acha que pode acontecer com construções monumentais como estádios, parques olímpicos, casas e outras obras, feitas às pressas para cumprir o calendário? Você se arriscará a ir para esses estádios com milhares de outras pessoas sem saber direito se as arquibancadas aguentarão a trepidação na hora do gol? Vai se arriscar ficar lá dentro como risco de um esmagamento se houver um corre-corre com milhares pessoas tentando encontrar saídas mal sinalizadas, mal construídas e insuficientes para uma multidão desorientada? Ou será que você acha que tudo estará em perfeitas condições e por isso mesmo pode ir com a sua família, totalmente despreocupados?
Não quero ser Arauto do Apocalipse. Não quero dizer depois “bem eu eu falei”. Não, não é a minha intenção. Estou falando isso agora para que as autoridades, as pessoas envolvidas, os engenheiros, os técnicos, os bombeiros, a polícia, a defesa civil, as prefeituras e o governo federal, cumpram seus papéis, com dignidade. Não gostaria de lamentar amargamente caso alguma coisa aconteça a mim, meus familiares ou amigos que porventura estejam nos estádios construídos a “toque de caixa” ou “nas coxas”, como se diz popularmente a respeito de coisas feitas apressadamente. Gostaria sim, que os governantes cumpram o papel fiscalizador de modo eficiente e imparcial, lembrando que vidas humanas estão em jogo. Esqueçam as satisfações sociais ao resto do mundo e ao Comitê Olímpico Internacional. Esqueçam as divisas em dólares que desejam arrecadar com a venda de ingressos. Não levem as pessoas a matadouros com a desculpa de que “acharam que tudo estava em perfeitas condições”. Chequem, rechequem e trechequem tudo. Não aceitem o "mais ou menos". Não aceitem o "quase pronto". Não aceitem o “inconcluso”. Tenham ombridade moral de fecharem estádios inseguros. Recentemente, o Engenhão, um grande estádio no Rio construído para os Jogos Panamericanos de 2007 teve que ser fechado porque o teto corre o risco de desabar se ocorrerem ventos muito fortes. Milhares de pessoas já estiveram lá e nem sabiam desse risco. Mesmo assim, ouve-se por parte de “responsáveis” que tudo está bem e que não há nenhum risco – mesmo tendo empresas de auditoria do exterior, afirmado que o teto corre o risco de desabar. Você quer estar lá dentro para ver? Melhor não arriscar a própria vida.
Eu ficarei do lado de fora. Prefiro ver tudo pela televisão, no conforto de do sofá de minha sala. Não tenho total confiança nas obras que estão sendo construídas com tanta pressa e pior, sem a garantia real (não apenas labial) dos governantes que não estão 100% preocupados com a segurança e bem estar do público – querem mais é mostrar serviço e aumentar o Ibope junto ao eleitorado.
Mathias Gonzalez é psicólogo e escritor.
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