Você sabe responder NÃO?
(Luiz Pádua)
Existem certos constrangimentos que podem significar prejuízo e problemas futuros.
Queremos nos referir àquelas pessoas que não sabem dizer “Não”. A ausência de uma posição autêntica e real é muito comum em determinadas pessoas que, por quererem ser agradáveis sempre tendem a responder “Sim” a um pedido de favor, um empréstimo de dinheiro, algum objeto ou mesmo para algum convite social, quando na realidade gostariam de responder “Não”.
Por temer futuras inimizades, ou algum pré-conceito por parte de alguém conhecido ou amigo, no momento do “Não” respondem “Sim”, contrariando as verdades contidas no seu íntimo. Por não ter suficiente coragem para dizer NÀO, o indivíduo sofrerá no futuro as conseqüências indigestas do seu procedimento.
São mil e uma as situações em que não se pode ter constrangimento de responder “Não”. Existem formas diplomáticas, argumentos e mesmo mil desculpas para responder negativamente a um pedido de favor, ou a algum convite para qualquer coisa que esteja fora de suas vontades.
Ao pedido de favor ou ao convite de alguém que não esteja em suas intenções de atendê-lo, diga logo, “Não”, não é possível. Nunca diga “Sim”, só para agradar. Se assim proceder, enquanto o outro estiver contente e feliz, você possivelmente estará pensando na “burrada” que cometeu. Não arranje problemas gratuitos, deixe o problema para o outro. Se caso alguém não estiver em condições favoráveis, que não seja você. Então, vá logo dizendo: “Não”.
Não tenha medo ou constrangimento em magoar alguém ao negar um favor, porque se assim não fizer, certamente o magoado será você, então, é melhor que seja o outro. É melhor resolver agora do que passar noites sem dormir, em conseqüência de um favor atendido, muitas das vezes com sacrifício. Até às crianças os pais têm que saber dizer “Não” quando necessário, para que mais tarde não venham sofrer conseqüências que podem ser desastrosas.
Vejamos: se algum indivíduo tiver a “cara de pau” de pedir algum favor a um amigo, mesmo sabendo que tal obséquio é desconcertante e desagradável, não há nada de mais responder a ele com a mesma “cara de pau”; “Não”! Um verdadeiro amigo evita prejudicar o outro.
Favor tem limites, se presta somente em determinada situação, apenas quando for possível e conveniente.
Na maior parte das vezes, um empréstimo de dinheiro por exemplo, dificilmente será pago, neste caso além de perder o dinheiro, perde-se também o amigo. Portanto, se quiser manter a amizade de um amigo, nunca empreste dinheiro a ele. No momento do “NÃO”, ele ficará decepcionado, mas depois ele acabará por compreender e entender os motivos apresentados e continuará sendo seu amigo.
Vamos citar um exemplo muito comum: emprestar o carro a um amigo pode lhe trazer problemas, seja por advir algum problema mecânico que vai lhe custar dinheiro, seja por lhe atrasar na devolução, muito normal nessas situações, sem falar na possibilidade de outras contrariedades como: multas, ou problemas mecânicos, arranhões na lataria, que só mais tarde vão ser descobertos. Adivinhe quem vai pagar tudo isso... Claro, você mesmo.
Outro bom exemplo são os caronas: ao concedê-las, quase sempre você acaba se desviando do seu itinerário para levar o carona, atrasando-o na viagem, sem contar os gastos com o consumo extra com combustíveis.
Tem ainda aqueles “cara de pau”, que se “convidam” para uma visita ou um jantar em sua casa, e ainda por cima declarando o prato que pretendem saborear. Para esses “amigos” digam um “Não” bem abolado.
Seja de um jeito ou de outro, o fato de saber responder “Não” pode significar o alívio de futuros problemas.
Não dizer “Não”, pode-se acabar sendo um vício. Dá a entender que o sujeito só sabe dizer “Sim”. Já imaginaram se alguém algum dia lhe pedir a esposa ou o marido emprestado? Será que você saberia responder “Não”, ou responderia “Sim”? Por isso, não é nada bom acostumar-se responder “Sim”. Ter dedicação e carinho com alguém, significa educação e nobreza, mas daí a ser “bobo” vai uma enorme diferença.
Mesmo no enlace matrimonial, se não for de sua livre e espontânea vontade diga um “Não” bem sonoro e extenso. O bom senso por certo o afastará de boas encrencas. O mundo nos tem ensinado que, em primeiro lugar está o nosso contento, depois o do próximo. Chamamos a isso de “lei da autodefesa”, pela qual é inata em todos os animais, racionais ou irracionais.
O advérbio, “Não” é para ser pronunciado quantas vezes for necessário, não o economize, para evitar contratempos e prejuízos.
Trago boa recordação de um amigo que estava para se casar. Ele era bem conhecido e muito considerado na cidade, por ser proprietário de duas lanchonetes e um restaurante. Todo mundo foi convidado para o casamento na igreja.
Ao final, os convidados esperavam uma boa chopada, “comes e bebes” à vontade; afinal, ele não era dono de restaurante e Lanchonetes? No entanto, terminada a cerimônia, o casal tomou um carro que já os aguardava e se mandou. Os convidados ficaram na porta da igreja muito frustrados, um olhando para a cara do outro, como se dissessem por dentro, “e as bebidas e os salgados como ficam?”. Por essa não esperavam.
Na volta da lua de mel, essa pessoa me confidenciou: “Eu não poderia levar todo o mundo para beber e comer, pois além de ser um desastre financeiro para o meu bolso, muita gente, evidentemente, não iria ser bem servido por motivos óbvios e daí eu perderia o cliente e o amigo. Assim agindo, todos continuam sendo meus amigos e clientes e, por tabela acabei por economizar a grana da festa, a qual me proporcionou uma boa “lua de mel” e ainda me sobrou uma boa “grana”.
Ele estava correto no modo de pensar e agir.
É assim que se conduzem as coisas. Na hipótese de ter que fazer algum favor a determinada pessoa, não esqueça que isso pode lhe trazer prejuízos e uma dor de cabeça indesejável. Por isso, diga simplesmente “Não”, para não vir a sofrer as conseqüências do “Sim”. Não se acanhe e nem se acovarde em responder “Não”.
Pense rápido e diga: NÃO, NÃO e NÃO, quantas vezes forem necessárias.