Fruto da dor

Me preocupo seriamente com o futuro -incerto- de alguém que ousa deixar no peito de uma mãe, um gostinho de tristeza. Nos lábios uma lágrima a morrer, enquanto que em seus olhos se esvaece a esperança depositada em um filho que mudou, se entregou. Às drogas, à ignorância, às tentações do "saber" em sua juventude e às loucuras do "ser".

Prisioneiro da vida que ele mesmo escolheu, rondando em círculos em estrada de terra, tropeçando na sombra do passado. Rendido aos vícios por vontade própria sem gostinho de reluta, sem batida de pé, sem gritos de reprovação e contestações.

Gotas de alegria dissolvidas pelo sentimento enfervecido da tristeza, pregada no peito e retratada no olhar. Tristeza que vem e fica, vira mágoa, rancor, levanta a poeira para esconder dos olhos o essencial ao coração. É triste, mas não há muito o que esperar do futuro da história de alguém que mata a sua mãe intimamente, a começar por dentro.

Deixou cair.

Deixou se espatifar no chão.

Deixou ser juntado com o lixo e a poeira.

Deixou rolar no chão, de um canto ao outro, seu sentimento e por entre os cômodos perdeu seu reflexo, enquanto que seu respeito escapava pela fresta da porta com o vento.

Esqueceu-se de quem era, o que possuía e de onde veio, ou pior, de quem ele veio.

Reges Medeiros
Enviado por Reges Medeiros em 27/03/2013
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