A Polêmica do Deputado Pastor
Antes de qualquer questionamento, é preciso examinar as duas faces da questão. É normal acharmos que estamos certos e outro está errado. Quem já viu a história do escudo de ouro e de prata, certamente entenderá a razão da teimosia. De um lado era de ouro, do outro era de prata. Enquanto um dos cavaleiros afirmava ser de ouro, o outro afirmava ser prata, segundo a sua posição, uma vez que vinham de direções opostas. Por não examinar a outra face da questão, ou seja, indo para o outro lado, para descobrir por que o outro afirmava estar certo com toda sua veemência, entram em contenda, chegando às vias de fato. Espada vai, espada vem, e ambos caíram ensanguentados. Somente um terceiro, que teve a curiosidade de olhar os dois lados do escudo, descobriu que todo aquele sangue poderia ter sido evitado, se cada um tivesse respeitado a opinião do outro e a sua causa.
O Deputado Pastor ou Pastor Deputado tem afirmado com toda ênfase que não é homofóbico. E vai na mesma linha de outro pastor, muito conhecido na televisão, que diz: “a Constituição do Brasil me dá o direito de emitir a minha opinião: eu respeito a pessoa, mas posso discordar dos seus atos. Isso não é discriminação”.
E, como o assunto envolve um político, há de se considerar a divergência ideológica de cada partido, quando eles próprios costumam dizer que a adversidade é apenas no campo da política e não no pessoal. Por conseguinte, o heterossexual pode admitir a homossexualidade do outro, mas não significa que terá de sê-lo também.
Estou certo ou estou errado?
Também não vou ser tão radical como apregoa a Bíblia, que diz que o sexo só deve ser praticado para a procriação. Coitadas das mulheres, que teriam de encerrar a carreira do prazer ainda muito cedo, pois logo se extingue a sua fertilidade. Garanto que se fosse seguir à risca essa orientação bíblica, o mundo não teria hoje sete bilhões de habitantes.
Com certeza a maioria faz sexo por prazer. A procriação é uma consequência. Então, independentemente de capacidade de procriação, que todos aproveitem a dádiva da natureza, conforme o desejo de cada um. Eu, entretanto, acompanho a linha de Roberto Carlos: prefiro “o côncavo e o convexo”.