Quando o futuro chegar
A gente passa a vida inteira sonhando com o futuro. Que futuro? O que tenho aprendido nessa minha quase longa vida é que o futuro é todo dia.
Presente é hoje, agora, nesse instante. Logo, no final do dia, já será futuro. E, esse momento em que escrevo, já será passado.
Ontem é passado. Ontem, segunda-feira, dia 25 de março, passou, não volta mais. E passou tão rápido. Gostaria de ter aproveitado mais. Gostaria de ter conversado com mais pessoas, mas ontem não saí de casa. Só conversei com três pessoas: uma ao vivo e duas ao telefone. Fiz algumas tarefas de casa, naveguei um pouco na internet, produzi dois textos e li outros de uma amiga que está preparando seu primeiro livro. Ela pediu minha opinião, pediu que eu a ajude a selecionar os que vão compor a obra. São muito bons os textos de minha amiga e estou torcendo por ela, para que seu livro seja um enorme sucesso.
Hoje acordei meio estranha. Não sei explicar o que é. Talvez seja o dia que está meio nublado e dias nublados me deixam estranha. Dias de sol me deixam mais ativa, mais animada.
Está tudo aparentemente em ordem, não há nada fora do lugar. Só eu. Estou meio fora da minha órbita, pensando nessas coisas de ontem, hoje e amanhã.
De repente me dei conta de que amanhã, quarta-feira, tenho uma palestra para dar e preciso estar bem. Como vou chegar diante dos alunos da escola que me fez o convite com essa cara de Hamlet: “Ser ou não ser? Eis a questão”?
Eles estão ansiosos para conhecer a escritora da cidade que tem dois livros editados, mais uma obra coletiva (Palavra é arte) e um novo projeto a caminho. Que tem também diversos textos publicados no Recanto das Letras e alguns em uma revista eletrônica de Ubatuba-SP. Eles acreditam que sou celebridade. Nunca viram um(a) autor(a) de perto. Não posso decepcioná-los. Preciso ter cuidado com as palavras. Não posso dizer a eles que o futuro não existe. Pelo menos não da maneira que aprendemos a pensar. Não devo minar seus sonhos e expectativas.
Não é tristeza o que sinto. Não é desespero. Não é descrédito da vida. Não é nada disso. É apenas uma sensação de que não adianta ficar fazendo planos a médio e a longo prazo. É a consciência de que tudo dura muito pouco e ficar sonhando com um futuro longínquo e promissor é ilusão. Já sonhei demais com isso e, quando ele chegou, não foi exatamente como eu havia sonhado.
Como posso ficar criando expectativas para daqui a cinco, dez ou vinte anos? Principalmente depois da triste experiência que passei em 2005 quando descobri que tinha uma doença grave. Lá, naquele ano difícil, eu não tinha certeza de que hoje eu estaria aqui, com a saúde restabelecida, graças a Deus. Mas, durante todo período de tratamento (cinco anos) cada dia era uma vitória, até chegar o momento de o médico dizer: você está curada.
Como planejar sozinha realizar certos desejos se eles não dependem só de mim? Há um conjunto de situações, e de pessoas, que podem viabilizá-los ou não.
Quando se é jovem pensa-se muito em futuro. É comum as pessoas dizerem: “Quando o futuro chegar vou fazer isso, vou fazer aquilo.” Só que há coisas que não podem e não devem esperar muito tempo para serem feitas. Elas têm de ser feitas no momento em que se tem a ideia, a vontade, o desejo. Não estou falando de realizações materiais e nem de profissionais. Essas devem ser mesmo planejadas. Falo de sentimentos, de questões emocionais. Se você deixa passar o momento de expressar, de exteriorizar algo que está sentindo, deixando para fazê-lo em outro dia, em outra hora, pode ser tarde demais. Você esperou um momento futuro para dizer ou fazer algo que se tornou passado porque no presente em que você pensou ou sentiu não teve coragem de realizar. Assim, a vida vai passando, segundo por segundo, compondo passado, presente e futuro e a gente vai perdendo oportunidades de viver grandes emoções, de compartilhar sentimentos, de realizar sonhos e de ser feliz.
Quando o futuro chegar, e ele já está batendo à porta, quero ter a certeza de que dei o melhor de mim. Que fiz o que estava ao meu alcance para a minha própria felicidade e para a das pessoas que vivem ao meu redor.
Presente é hoje, agora, nesse instante. Logo, no final do dia, já será futuro. E, esse momento em que escrevo, já será passado.
Ontem é passado. Ontem, segunda-feira, dia 25 de março, passou, não volta mais. E passou tão rápido. Gostaria de ter aproveitado mais. Gostaria de ter conversado com mais pessoas, mas ontem não saí de casa. Só conversei com três pessoas: uma ao vivo e duas ao telefone. Fiz algumas tarefas de casa, naveguei um pouco na internet, produzi dois textos e li outros de uma amiga que está preparando seu primeiro livro. Ela pediu minha opinião, pediu que eu a ajude a selecionar os que vão compor a obra. São muito bons os textos de minha amiga e estou torcendo por ela, para que seu livro seja um enorme sucesso.
Hoje acordei meio estranha. Não sei explicar o que é. Talvez seja o dia que está meio nublado e dias nublados me deixam estranha. Dias de sol me deixam mais ativa, mais animada.
Está tudo aparentemente em ordem, não há nada fora do lugar. Só eu. Estou meio fora da minha órbita, pensando nessas coisas de ontem, hoje e amanhã.
De repente me dei conta de que amanhã, quarta-feira, tenho uma palestra para dar e preciso estar bem. Como vou chegar diante dos alunos da escola que me fez o convite com essa cara de Hamlet: “Ser ou não ser? Eis a questão”?
Eles estão ansiosos para conhecer a escritora da cidade que tem dois livros editados, mais uma obra coletiva (Palavra é arte) e um novo projeto a caminho. Que tem também diversos textos publicados no Recanto das Letras e alguns em uma revista eletrônica de Ubatuba-SP. Eles acreditam que sou celebridade. Nunca viram um(a) autor(a) de perto. Não posso decepcioná-los. Preciso ter cuidado com as palavras. Não posso dizer a eles que o futuro não existe. Pelo menos não da maneira que aprendemos a pensar. Não devo minar seus sonhos e expectativas.
Não é tristeza o que sinto. Não é desespero. Não é descrédito da vida. Não é nada disso. É apenas uma sensação de que não adianta ficar fazendo planos a médio e a longo prazo. É a consciência de que tudo dura muito pouco e ficar sonhando com um futuro longínquo e promissor é ilusão. Já sonhei demais com isso e, quando ele chegou, não foi exatamente como eu havia sonhado.
Como posso ficar criando expectativas para daqui a cinco, dez ou vinte anos? Principalmente depois da triste experiência que passei em 2005 quando descobri que tinha uma doença grave. Lá, naquele ano difícil, eu não tinha certeza de que hoje eu estaria aqui, com a saúde restabelecida, graças a Deus. Mas, durante todo período de tratamento (cinco anos) cada dia era uma vitória, até chegar o momento de o médico dizer: você está curada.
Como planejar sozinha realizar certos desejos se eles não dependem só de mim? Há um conjunto de situações, e de pessoas, que podem viabilizá-los ou não.
Quando se é jovem pensa-se muito em futuro. É comum as pessoas dizerem: “Quando o futuro chegar vou fazer isso, vou fazer aquilo.” Só que há coisas que não podem e não devem esperar muito tempo para serem feitas. Elas têm de ser feitas no momento em que se tem a ideia, a vontade, o desejo. Não estou falando de realizações materiais e nem de profissionais. Essas devem ser mesmo planejadas. Falo de sentimentos, de questões emocionais. Se você deixa passar o momento de expressar, de exteriorizar algo que está sentindo, deixando para fazê-lo em outro dia, em outra hora, pode ser tarde demais. Você esperou um momento futuro para dizer ou fazer algo que se tornou passado porque no presente em que você pensou ou sentiu não teve coragem de realizar. Assim, a vida vai passando, segundo por segundo, compondo passado, presente e futuro e a gente vai perdendo oportunidades de viver grandes emoções, de compartilhar sentimentos, de realizar sonhos e de ser feliz.
Quando o futuro chegar, e ele já está batendo à porta, quero ter a certeza de que dei o melhor de mim. Que fiz o que estava ao meu alcance para a minha própria felicidade e para a das pessoas que vivem ao meu redor.