AUSÊNCIA.

“Os mortos são invisíveis, mas não ausentes”, dizia Vitor Hugo. Talvez os mortos sejam mais presentes pela linha forte e indescritível da saudade, que acende a presença que é ausência.

Quanto mais o pensamento voa para o encontro irrealizável em face da morte, mais a imagem do sonho se desenha no “id”, nosso porão que guarda as lembranças liberadas ou não.

Li de Lenapena seu encontro com a mãe em sonho. São essas passagens que nos levam à sublimação da ausência trazendo oníricas e suaves presenças.

Certa vez um amigo de meu pai, também meu amigo, depois de falecido meu pai, me disse, o Panza era engraçado, me falou que amava seus filhos vivos, mas amava mais seu filho morto.

Compreendi de imediato a frase e seu conteúdo, eu e minha irmã, nascidos após a morte de seu primeiro filho de dois anos, irmão que não conheci, estávamos ao seu lado, visíveis, eu e minha irmã, ao alcance de suas mãos, dos beijos e abraços, meu irmão falecido estava ausente, a dor chocante e traumática da perda do primeiro e único filho então deixaram em sua alma a dilacerante ausência que é insubstituível, somente isso.

Isso a tal ponto que cunhou uma frase para ser colocada no túmulo do filho, que basta ser lida para entender-se a extensão de uma dor, frase forte e de indiscutível verdade: “DEPOIS DE TUA MORTE COMPREENDI QUE A VIDA É UMA ILUSÃO QUE MATA”.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 26/03/2013
Reeditado em 26/03/2013
Código do texto: T4208284
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