Mar de Rosas
Tenho pra mim que, nessa vida, nem todo mar é feito só de rosas. Alguns são feitos de tulipas, orquídeas e tantos outros de espinhos. As vezes é preciso encontrá-los, encará-los e por fim enfrentá-los. Deixando de lado todo medo, dor e receio. É preciso seguir em frente sem desviar para a direita ou para a esquerda. Mergulhar.
Ser ferido as vezes pode te ensinar o valor e a capacidade de curar-se. Ser vencido, não significa estar derrotado. O segredo é saber navegar pelas águas, sem medo de sua diversidade e mistérios sem fim, sem medo de que a sua nau seja tragada, sem medo de ficar à deriva. Quem não arrisca navegar pelo desconhecido por receio da dor, não pode reclamar da falta de vida em suas águas mortificavelmente-quietas. Apaziguadas. Não se pode queixar-se da ausência daquilo que te falta pelo excesso de covardia, omissão. A verdade é que somos seletivos demais, e acabamos fazendo as escolhas erradas, ou as menos certas. Talvez!? Mantemos próximos os que não sabemos ao certo quem ou o que parecem ser, ou que querem e procuram. Nosso conhecimento para nada mais serve a não ser para afirmar que somos completos desconhecidos vivendo nas mesmas águas, como se nos conhecêssemos. Como se não fossemos nós mesmos completos desconhecidos.
Gosto de me manter distante de certas coisas, por não saber ao certo o que elas me fazem, ou o que significam para mim. Prefiro evitar estes espinhos, que mais parecem chagas. Entendo que por mais rosas, tulipas, orquídeas ou espinhos que o mar possa comportar, meu remar precisa ser firme e constante para não morrer à beira da praia sem desfrutar daquilo que me espera do outro lado. Não devo parar, preciso seguir com o que tenho, mesmo que o que eu tenha seja pouco. Ainda assim, será meu. Se no decorrer do caminho, não aprender nada, significa que preciso refazer meu caminho para aprender não somente com o começo ou fim das coisas, mas com a duração delas. Não quero me contentar apenas com o cheiro das rosas, mas com a marca dos espinhos também. Não como prova de quem sofreu, mas como prova de quem venceu. Como prova de que se hoje, estou a atravessar este mar de rosas, é por que antes no de espinhos naveguei.