Irmã mãe

Minha irmã entrando na nossa casa com aquele bebezinho no colo foi pra mim um momento mágico, eu confesso que fiquei com um pouco de ciúme. O fato de, ela ter seguido seu caminho e formado sua família já tinha sido muito chato...

Ela era muito jovem, sua vida foi precocemente cheia de responsabilidades, começou a trabalhar cedo. Pra mim ela era a companheira na hora de dormir e viajar, sempre ao seu lado lhe dando trabalho, sempre enjoava nas viagens, e era ela que ajudava. Na escola eu quase sempre era escolhida para a leitura de poemas nos dias comemorativos, ela então me enfeitava, fazendo-me penteados e cachinhos, acho que isso me ajudava muito na hora da escolha da professora.

Minhas primeiras palavras lidas e escritas foi ela que me ensinou, quando ela chegava da escola e eu já pedia:”Pode passar uns deveres pra mim?”

Como seria agora, ela tinha o seu neném, iria ficar totalmente ocupada com essa nova função, ela já tinha treinado muito comigo, sabia como acalmar uma criança com medo de vacina. Sabia brincar, contar seus segredos, fazendo-me sentir importante com isso. Talvez agora sim eu fosse mais importante, pois já era tia, e também teria as minhas responsabilidades.

Tentaria não decepcioná-la, seria uma tia amorosa, ajudaria a cuidar daquele bebezinho, que eu já estava apaixonada. Hoje, eu entendo como de repente a casa se tornou mais feliz, uma criança sempre traz a novidade, a sensação de que tudo é mágico, e não foi diferente, minha irmã, que agora era mãe, trouxe de novo a felicidade, tirando o vazio que a ausência dela tinha nos causado. E como uma compensação trouxe sua filha, que nos encheu de felicidade.

Rose Benicio

Rose Benicio
Enviado por Rose Benicio em 24/03/2013
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