History Channel e a maconha
Ontem assisti pelo canal History Channel artigo inteligente sobre a maconha. No Brasil nenhum artigo fino sobre a maconha será exibido ao povo através dos canais abertos de televisão. Na verdade o mundo acadêmico precisa primeiro professar a inteligência externa como base do conhecimento adquirido, como se aqui, neste quintal do novo mundo fossemos incapazes de ter algo originalmente brilhante em mente.
Tudo o que vem de fora tem maior interesse e importância. Essa percepção esteve intimamente ligada a Semana da Arte Moderna, que foi sendo esquecida para dar cumprimento ao desejo Jeca de ser alguém melhor em outro idioma. Nacionalismos ou heróicos nacionalismos á parte perdemos nossa identidade, nosso capital e até nossa liberdade esperando de longe que alguém nos leia por dentro.
Quando o assunto é polêmico então as diretrizes são traçadas indiretamente com grande ênfase nos interesses globais. Assim continuamos trocando ouro por miçangas, além de sangue derramado por milícias.
Já o tema abordado pelo canal History Channel, com voz de brasileiro, é digno de ser apresentado nas escolas. A política anti drogas é inútil armando o bandido já que se locupleta diante do risco sobre a planta que poderia nascer gratuitamente no quintal ou numa lata de cerveja.Fiquei informado como homem adulto pelo History Channel de que a descriminalização das drogas em Portugal efetivamente eriçou os cabelos da Europa conservadora, mas logrou êxito em vários pontos fundamentais: com a liberdade diminuiu o uso pelos jovens que eram atraídos pela proibição, os adultos estabilizaram o consumo, recebendo em troca qualidade real, (hoje vendem aos seus filhos porcaria com o nome de maconha porque é proibido, alguém da saúde se preocupa com isso?), diminuiu a criminalidade imprimida pela força militar que gerava impacto de armamento entre os interessados no negócio. A relação entre armas e obrigatoriedade forçada do lucro caiu no comércio legalizado. Não se faz mais necessário viajar para Amsterdã para alguém se sentir civilizado em nome das liberdades individuais. Vivas! Portugal, sempre na frente!
O documentário mostra reacionários que acreditam em mulheres virgens após o parto sem cesariana, preocupados com a saúde global do indivíduo, o mesmo indivíduo extorquido pelo lucro insano do capital. Há este medo de que o bom filho se torne péssimo por causa das drogas, fator de fraqueza educacional, jamais comercial. O moralismo científico segue apenas o mesmo cálculo comercial. Alguém viu algum movimento médico para diminuição do preço das consultas médicas? A moral da conseqüência oculta o privilégio das diferenças de classe nos tratamentos hospitalares.
Em seguida temos aqui no Brasil a forçada relação entre drogas e crimes propalada pela mídia dos canais de televisão aberta, ou seja, para o povão temos a informação da ausência de qualquer uso inteligente das drogas, sendo associadas ao crime, antes da completa miséria humana em que estão inseridos os personagens. Para a mídia é a droga quem forja a miséria, sem nenhuma comiseração para a ordem dos fatos: primeiro a miséria estava instalada na falta de oportunidades, depois as drogas acalmaram anestesicamente a dor da miséria. Para a televisão brasileira esta ótica é infamante pela força de certeza das atribuições|: Aos miseráveis a pena da internação compulsória. Livrai-os do vício para lhes devolver novamente à miséria.
O número de consumidores de maconha no mundo é extraordinário e este não é o mesmo número que leva a guerra, pois do contrário a terceira guerra já teria sido deflagrada. São os bonzinhos robóticos que deflagram guerras cruéis. Os que marcham pela ordem exclusiva.
Mas o que tenho a dizer é que para alcançarmos um nível superior de informação adulta neste país temos que revisar os enfoques comprados das políticas externas. Devemos sair do delírio universalista sem perder a noção de mundo. Ó Dilma! Ensinar o povo sobre a arma imbecil das generalizações. Modificar cada vez mais a tradição das velhas e fáceis revelações do passado como verdade indissolúvel e absoluta. Abandonar a infância intelectual na vida adulta, mas sem deixar de ser impoético. Refletir mais do que rezar. Viver mais do que disputar. Respeitar mais do que conquistar a totalidade das razões inerentes aos fatos: “despolitizar los derechos humanos”.
Temos meios informativos com padrão para mentalidades bocós durante vinte e quatro horas. Nossa fábrica de subjetividade possui a submissão da liberdade que deve vir de longe como fruto externo de nossa frágil constituição. A própria ideia de estar constantemente criando leis é acriançada e tende a tirania devido ao elevadíssimo custo dessa cultura fria das leis produzidas em gabinetes. Puro futebol político. Quantas leis possuem o Brasil? Quanto custa produzir cada uma delas? A educação é mais importante que a lei, repito, e, vejam, em que pé está à educação neste país?
Este artigo é um apelo a maduridade contra a infância débil dos enfoques. Nossa educação nacional vem sendo governada pelo espírito da publicidade que nada mais faz do que ofertar mingau a vida inteira ao paladar da compreensão mastigadinha. É o não pensar para mais rápido consumir devorando atenções até lhes tirar toda capacidade de refletir sobre os grandes objetivos de uma nação adulta e forte. Por isso o assunto das drogas como a maconha, ou mesmo a poligamia, o casamento gay, ou ainda o fim da crueldade celibatária, estão longe de representar atitude mental de reflexão por parte das grandes redes de comunicação. Quanto à medicina bem que ela podia converter os lucros da maconha legalizada em melhor atendimento médico à população em geral, abocanhar os lucros dos estádios esportivos para atender condignamente a população em todos os ramos da medicina. É bem melhor do que apostar na tolice preventiva para quem não tem acesso sequer à água potável.
Vamos esperar que o canal History Channel diga isto aos grandes magnatas da sedução mercantil com o nome de políticos. A televisão está convicta de que está amadurecendo a mentalidade nacional através deste modelo novelesco de comunicação sem tempo para qualquer reflexão maior senão à indução de coisa tida como certa.
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Quando se fala em público adulto logo compreendemos o assunto como de ordem pornográfica; tão idiotizados estamos sobre maduridade informativa.