Boca de Judite.
Por Carlos Sena
Roda de conversa. De repente: “boca de Judite” – pensei com minhas casas (todo mundo só pensa com seus botões, eu penso com as casas). Que diabo é isso. Afinal eu sei muito bem o que é “dar a Elza” (roubar), o que é Bráulio (bilau), o que é Raimunda (feia de cara e boa de coração), até mesmo boca de siri (bico fechado) etc., mas “boca de Judite”, pensei comigo mesmo, “dancei”... Conheço uma Judite maravilhosa que foi prefeita da minha terra, mas essa nada teria a ver com a boca, muito menos com a Judite. Outras Judites conheço, mas sem nada que desmereça e que permita linkar com a “boca de Judite” expressa em tom de sabedoria popular.
A roda de conversa continuou – explico: agora há um modismo de chamar reunião de roda de conversa. O argumento: numa roda não é ninguém superior a outrem, nem há esquina como o quadrado de uma sala de reunião clássica. Todos se veem e ninguém se apresenta melhor nem maior que ninguém. Tudo bem. Serve como explicação e é interessante, mas quando o santo é ruim não tem reunião clássica nem de roda de conversa que descubra o milagre dele. Eu no meu canto quieto, só aguardava o momento exato de perguntar à pessoa que falou pra gente ficar “boca de siri” acerca de determinado assunto, ou seja, que fizéssemos boca de siri – quero dizer, “boca fechada não entra mosca”... Nem precisou. Outra pessoa da roda pediu licença e perguntou o porquê de “boca de Judite” e obteve a seguinte resposta: quando a gente pronuncia a palavra Judite, a boca da gente fecha completamente e faz um bico, ou seja, a boca em bico fica necessariamente fechada. Eu desaguei num riso que só uma gralha. Nem sei se gralha ri, mas foi esse o sentimento que tive...
Por Carlos Sena
Roda de conversa. De repente: “boca de Judite” – pensei com minhas casas (todo mundo só pensa com seus botões, eu penso com as casas). Que diabo é isso. Afinal eu sei muito bem o que é “dar a Elza” (roubar), o que é Bráulio (bilau), o que é Raimunda (feia de cara e boa de coração), até mesmo boca de siri (bico fechado) etc., mas “boca de Judite”, pensei comigo mesmo, “dancei”... Conheço uma Judite maravilhosa que foi prefeita da minha terra, mas essa nada teria a ver com a boca, muito menos com a Judite. Outras Judites conheço, mas sem nada que desmereça e que permita linkar com a “boca de Judite” expressa em tom de sabedoria popular.
A roda de conversa continuou – explico: agora há um modismo de chamar reunião de roda de conversa. O argumento: numa roda não é ninguém superior a outrem, nem há esquina como o quadrado de uma sala de reunião clássica. Todos se veem e ninguém se apresenta melhor nem maior que ninguém. Tudo bem. Serve como explicação e é interessante, mas quando o santo é ruim não tem reunião clássica nem de roda de conversa que descubra o milagre dele. Eu no meu canto quieto, só aguardava o momento exato de perguntar à pessoa que falou pra gente ficar “boca de siri” acerca de determinado assunto, ou seja, que fizéssemos boca de siri – quero dizer, “boca fechada não entra mosca”... Nem precisou. Outra pessoa da roda pediu licença e perguntou o porquê de “boca de Judite” e obteve a seguinte resposta: quando a gente pronuncia a palavra Judite, a boca da gente fecha completamente e faz um bico, ou seja, a boca em bico fica necessariamente fechada. Eu desaguei num riso que só uma gralha. Nem sei se gralha ri, mas foi esse o sentimento que tive...