Outono.
Sentado em uma das ruas do Leblon, percebi, no chão, uma sinuosa sombra sendo levada de um canto a outro; raios de sol ultrapassavam suas frestas e iluminavam o asfalto cinza tão sem graça.
Era a suave brisa de Outono, recém-chegada de um verão promiscuamente quente. Vinha amarelar as folhas outrora tão verdes e vivas. Vinha levá-las com o sopro de seu tempo ameno, jogando-as ao relento. E, assim, um pouco invejado, queria que o Outono me levasse consigo ao seu lado.
Desejava uma caminhada tranquila e sem problemas. Sem obstáculos; atravessando as frestas das folhas verdes-amareladas.
Sentado, aqui, debaixo dessa árvore quase sem verde, é como relaxar depois de um temporal oscilante. O Verão veio cheio de corante, mostrando desde seu amarelo-anil, até o cinza-febril.
Não espero ser compreendido com palavras figuradas, quero apenas mostrar-lhes o cenário que aqui vos falo: No horizonte, o anil do céu, junto ao amarelo ensolarado. Na superfície, as folhas amarelas, nas árvores, as que ainda lutam para resistir aos ventos.
Sentado aqui, nesse quarto, percebo agora: Outono é mês passageiro. Leva consigo os problemas derradeiros, problemas de um Verão sorrateiro. Não mais que isso, somos nós as folhas das árvores tentando resistir às brisas suaves que levam consigo todo resquício de memória ruim; deixando apenas as boas lembranças de um passado não tão distante.
É, Verão. Teu toque me fez grande.