LIMA DA PÉRSIA

Neste exato momento estou abrindo a torneira para lavar minhas mãos depois de ter saboreado uma deliciosa lima.

Não posso impedir minha viagem ao passado,onde me vejo muito pequena fazendo birra e não querendo comer esta ,que hoje ,é uma das minhas frutas preferidas.

Esta mudança de hábito tem um nome:NÓCA.Apelido de minha babá.Na verdade ela era filha de criação de minha tia avó,Maria Aldina.Mulher de hábitos rígidos ,professora competente e do tempo que usar palmatória era um hábito comum entre os bons mestres.

A Nóca era uma espécie de anjo bom da casa da vó Aldina.Lembro dos doces de côco em bolinhas,alvos e deliciosos que só ela sabia fazer.Da ambrosia,do sagú, do pão de casa e das limas descascadas que só ela sabia fazer.

Ensinava como tirar o amargo da lima,retirando a parte branca que envolvia os gomos.Para mim tudo era muito mágico.Essa pessoa maravilhosa passou pela minha vida de criança e trouxe muita alegria.Teve um filho,meu primo,chamado Eurico,grande ser humano,tal qual a mãe e com uma voz abençoada,tem um conjunto e canta muito em Cachoeira do Sul.

Ah o tempo...esse algóz da vida.Abro a torneira para lavar minhas mãos e antes disso fecho os olhos e levo a ponta de meus dedos ás minhas narinas...cheiro que a lima da pérsia ,antes só lima ,tem.Cheiro de passado,cheiro de carinho,cheiro de atenção de um ser humano tão humano ...cheiro de saudades...