Quem anda pelas ruas de qualquer grande cidade, sabe da dificuldade e da inconveniência dos serviços de carga e descarga. Inconveniência para quem não precisa do serviço, claro, pois é um serviço fundamental, um serviço que vai além de mover a economia.
E é justamente no ponto econômico que o incômodo ganha corpo, pois o abastecimento de muitos estabelecimentos comerciais, ocorre em horários inadequados. É claro que tal abastecimento é importante para o bem estar da população, fator intrínseco na organização social. Mas será que não dá para abastecer aquele boteco da esquina com o cruzamento mais movimentado da cidade, num horário que possua menor fluxo de carros e pedestres? Não tem como negar que é ali que muitas pessoas se beneficiam para fazer seu lanche, tomar aquela água revigorante; então, teoricamente, o transtorno da carga a qualquer tempo é uma necessidade, um transtorno necessário e aceitável. Contudo, isso não é suficiente para justificar tamanho transtorno de ver um caminhão de distribuição de bebidas ocupar uma faixa e meia de trânsito para abastecer um boteco. E olha que, geralmente, trata-se de caminhões grandes. Sendo que, grandes ou pequenos, todos são mais largos que os tradicionais, consequentemente, não facilitam o trânsito. Como se isso não bastasse, o que fazem os descarregadores?
Eles, simplesmente, utilizam o espaço da pista como depósito provisório. Selecionam, em plena pista, o que vão distribuir em seus potentes carrinhos e o que retorna para o caminhão. Afunilam o trânsito, provocando transtornos acumulativos, especialmente de ordem psicológica. E não são somente os motoristas que se incomodam, os pedestres sofrem ainda mais, uma vez que o passeio público fica totalmente interditado, sendo necessário desviar para o outro lado da rua ou disputar espaço com os carros para poder seguir o caminho. Não é exagero, é falta de consideração, respeito e desobediência às mais básicas leis de convivência. Mesmo quando o espaço não é totalmente bloqueado, a dificuldade de locomover-se é, no mínimo, difícil, um transtorno desnecessário.
Então surgem os questionamentos inevitáveis. E as leis? Não existe lei parta isso? E a fiscalização de trânsito, cadê? Quando alguém vai fazer alguma coisa? Esse e tantos outros questionamentos se misturam com um impulso de revolta que nos leva a querer registra uma reclamação. A revolta é tão intensa que não vemos a hora de chegar ao destino e fazer a reclamação detalhadamente. Mas quantas vezes realmente a fazemos? Parece que a intensa revolta é dotada de instantaneidade; pois, minutos depois, ela já não existe. Instantaneidades desse tipo, na verdade, são acumulativas e anuladas diante da acelerada rotina que nos governa, porém ficam armazenadas no nosso interior e se não encontramos uma forma de aliviá-las, em determinado momento, nos fazem explodir. É uma espécie de envenenamento lento, que gradualmente nos leva a morte.
Mas outro tipo de questionamentos também deve surgir. Questionamentos mais amplos, que possam clarear todo esse processo. Começando pela percepção da população que se deixa influenciar pelas campanhas sociais de muitas dessas empresas, que se mostram integradas à sociedade, preocupadas com o meio ambiente e tantos itens valorizados nos seus balanços sociais, quando na realidade mascaram os transtornos que causam. Certamente é mais barato para todos, sociedade, empresas e setor público, disciplinar e cumprir a legislação, que investir em projetos voltados a melhorar a imagem. O montante do investimento necessário para efetuar as entregas de forma a não atrapalhar automóveis e pedestres, provavelmente, é menor que o destinado a patrocínios e campanhas voltadas a conquistar a simpatia social, sem falar de doações e auxílios de diferentes espécies. A consciência do fazer, do fazer certo e bem feito, é algo que ainda está muito longe de ser despertada a ponto de agir e mudar a realidade. E assim permanecerá, enquanto não despertamos para problemas desse tipo, simples, corriqueiros, naturais, que se tornam parte da rotina, portanto aceitáveis. Nada de intolerância ou de virar um “reclamão”, mas um pouco de indignação é importante para avançar. Claro que se tudo fosse ideal, talvez não avançaríamos, mas acostumar-se às coisas erradas é mais que ser conivente com o erro, é deixar de crescer como ser humano.
Mesmo que tolerar abusos nos serviços de carga e descarga, não seja o mais difícil de se fazer, mesmo que possamos compreender que esse é um serviço que representa de forma física, real, o que nós frequentemente fazemos ao descarregarmos nosso lixo emocional, ou ao carregarmos amigos e familiares com problemas que nós mesmo geramos, ao agirmos assim, estamos ocupando as ruas e calçadas, fazendo como os espaçosos e folgados caminhões de bebida ao obstruírem os caminhos que precisamos percorrer. Portanto, cuidar com o modo com que lidamos com o serviço de carga e descarga, pode nos levar a indignações justas; mas, principalmente, a reflexões transformadoras.
E é justamente no ponto econômico que o incômodo ganha corpo, pois o abastecimento de muitos estabelecimentos comerciais, ocorre em horários inadequados. É claro que tal abastecimento é importante para o bem estar da população, fator intrínseco na organização social. Mas será que não dá para abastecer aquele boteco da esquina com o cruzamento mais movimentado da cidade, num horário que possua menor fluxo de carros e pedestres? Não tem como negar que é ali que muitas pessoas se beneficiam para fazer seu lanche, tomar aquela água revigorante; então, teoricamente, o transtorno da carga a qualquer tempo é uma necessidade, um transtorno necessário e aceitável. Contudo, isso não é suficiente para justificar tamanho transtorno de ver um caminhão de distribuição de bebidas ocupar uma faixa e meia de trânsito para abastecer um boteco. E olha que, geralmente, trata-se de caminhões grandes. Sendo que, grandes ou pequenos, todos são mais largos que os tradicionais, consequentemente, não facilitam o trânsito. Como se isso não bastasse, o que fazem os descarregadores?
Eles, simplesmente, utilizam o espaço da pista como depósito provisório. Selecionam, em plena pista, o que vão distribuir em seus potentes carrinhos e o que retorna para o caminhão. Afunilam o trânsito, provocando transtornos acumulativos, especialmente de ordem psicológica. E não são somente os motoristas que se incomodam, os pedestres sofrem ainda mais, uma vez que o passeio público fica totalmente interditado, sendo necessário desviar para o outro lado da rua ou disputar espaço com os carros para poder seguir o caminho. Não é exagero, é falta de consideração, respeito e desobediência às mais básicas leis de convivência. Mesmo quando o espaço não é totalmente bloqueado, a dificuldade de locomover-se é, no mínimo, difícil, um transtorno desnecessário.
Então surgem os questionamentos inevitáveis. E as leis? Não existe lei parta isso? E a fiscalização de trânsito, cadê? Quando alguém vai fazer alguma coisa? Esse e tantos outros questionamentos se misturam com um impulso de revolta que nos leva a querer registra uma reclamação. A revolta é tão intensa que não vemos a hora de chegar ao destino e fazer a reclamação detalhadamente. Mas quantas vezes realmente a fazemos? Parece que a intensa revolta é dotada de instantaneidade; pois, minutos depois, ela já não existe. Instantaneidades desse tipo, na verdade, são acumulativas e anuladas diante da acelerada rotina que nos governa, porém ficam armazenadas no nosso interior e se não encontramos uma forma de aliviá-las, em determinado momento, nos fazem explodir. É uma espécie de envenenamento lento, que gradualmente nos leva a morte.
Mas outro tipo de questionamentos também deve surgir. Questionamentos mais amplos, que possam clarear todo esse processo. Começando pela percepção da população que se deixa influenciar pelas campanhas sociais de muitas dessas empresas, que se mostram integradas à sociedade, preocupadas com o meio ambiente e tantos itens valorizados nos seus balanços sociais, quando na realidade mascaram os transtornos que causam. Certamente é mais barato para todos, sociedade, empresas e setor público, disciplinar e cumprir a legislação, que investir em projetos voltados a melhorar a imagem. O montante do investimento necessário para efetuar as entregas de forma a não atrapalhar automóveis e pedestres, provavelmente, é menor que o destinado a patrocínios e campanhas voltadas a conquistar a simpatia social, sem falar de doações e auxílios de diferentes espécies. A consciência do fazer, do fazer certo e bem feito, é algo que ainda está muito longe de ser despertada a ponto de agir e mudar a realidade. E assim permanecerá, enquanto não despertamos para problemas desse tipo, simples, corriqueiros, naturais, que se tornam parte da rotina, portanto aceitáveis. Nada de intolerância ou de virar um “reclamão”, mas um pouco de indignação é importante para avançar. Claro que se tudo fosse ideal, talvez não avançaríamos, mas acostumar-se às coisas erradas é mais que ser conivente com o erro, é deixar de crescer como ser humano.
Mesmo que tolerar abusos nos serviços de carga e descarga, não seja o mais difícil de se fazer, mesmo que possamos compreender que esse é um serviço que representa de forma física, real, o que nós frequentemente fazemos ao descarregarmos nosso lixo emocional, ou ao carregarmos amigos e familiares com problemas que nós mesmo geramos, ao agirmos assim, estamos ocupando as ruas e calçadas, fazendo como os espaçosos e folgados caminhões de bebida ao obstruírem os caminhos que precisamos percorrer. Portanto, cuidar com o modo com que lidamos com o serviço de carga e descarga, pode nos levar a indignações justas; mas, principalmente, a reflexões transformadoras.