VIAJAR.

Unir a realidade da visão pessoal ao antecedente conhecimento de sítios artísticos e históricos perseguidos na pesquisa da historiografia, festa da plástica desenhada nos olhos. Faz tempo venho perseguindo essa estética, felizmente encontrada.

Já nada tenho para ver do que queria ver, dou graças pelo que pude realizar. Só repito e busco ainda alguma coisa que possa surgir como novidade; difícil, mas acontece. Já descobri abóbodas da idade medieval, na Itália, ainda que sem esse objetivo, que seriam bases dos desenhos arquitetônicos de Brasília, os famosos arcos. Por isso se diz que nada se cria, tudo se copia. Diríamos que uns sofrem influências de outros, como visível em Delaunay na obra de Portinari. Picasso e Picabia, irmãos em transfigurações e transparências, as mágicas figuras de Chagal, aladas, com mostra agora em maio na reinauguração do museu de Luxemburgo, ou a novidade do Beaubourg, nos Halles, o antigo estômago de Paris, antigo mercado, com fantástico acervo reunido da arte moderna, já considerado o segundo do mundo depois do MOMA, embora aprecie mais o novo acervo, para mim melhor que o museu novaiorquino , 29.000 telas, com Leger, inclusive, iconográficos Picassos e Picabias, entre muitíssimos outros como Magrite.

Ver gárgulas e arcobotantes do românico, mas também do gótico nas catedrais e compreender suas razões, por possibilitarem a entrada de mais luz no gótico sem que catedrais desmoronassem, com suas agulhas góticas desafiadoras da gravidade.O antes e depois, a polifonia de Balestrini em sua revolucionária música escutada dos corais nas catedrais góticas, o Réquiem do Papa Marcelo, cantos do céu que elevam o espírito, observar o que cinzeis tiraram do mármore, a maravilhosa e única estatuária, como ver de longe um rosto de mulher com chapéu, de Rodin, em madeira a face, com expressão magnífica do olhar e se aproximando perceber que são buracos cortados com goiva que possibilitam ver a expressão só de certa distância.

Mergulhar na inigualável perspectiva de Salvador Dalí, e ver várias paisagens e personagens na mesma tela, descobrir, é preciso descobrir, apurar os olhos e ficar surpreendido. Intermináveis êxtases para os olhos que necessitam saber como aconteceu a arte, suas motivações como Gala, a mulher de Dalí estar configurada no corpo de uma santa, como Nossa Senhora, quando era mulher de vida livre conhecida e por ele admitida sua paixão, que praticamente o levou à falência. Seu Cristo de São João da Cruz, nada jamais visto em perspectiva tão inusitada, tenho inúmeras cópias.

Centenas e centenas de passagens arquivadas, latentes, memorizadas e bebidas pela mente em momentos solitários de lembranças com a espera de revisitações e ampliações que o sentimento vive e a emoção festeja.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 21/03/2013
Reeditado em 21/03/2013
Código do texto: T4200645
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