ESQUECER PARA LEMBRAR
Conta a lenda que houve um dia em que todos acordaram sem religião (Foi um dia antes daquele que a terra parou, como Raul contou). Algum mago maluco havia apagado a idéia que todos temos de Deus e de uma hora para a outra, a religião sumiu da história.
Apagou-se da mente humana qualquer referência as parabólas da Bíblia, os versos do Alcorão, a poesia de Buda, os mistérios do Toráh e o yoga do Baghavda Gita.
Todos os templos do mundo ficaram vazios, pois ninguém mais sabia qual era a serventia daqueles prédios tão belos, mas ocos.
Com a mente vazia das religiões criadas;
Com os olhos limpos das palavras escritas;
Com os ouvidos limpos das preleções manipuladas;
Todo o meu povo sentiu que havia uma presença que nunca partiu.
Presença sagrada que mesmo sem ser nomeada está sempre presente, sempre alcançando o coração da gente, seja no barulho do dia ou no silêncio da madrugada.
E no dia em que não existia a religião, todos estavam, mais do que nunca, religados com a Força Maior que se faz mais notada quando não é apontada.
E durante 24 horas, toda a minha gente percebeu que não precisava pensar sobre para sentir o que sempre houve; que não precisava tentar compreender para perceber o que há entre eu e você.
Contudo, algum atrevido, algum abelhudo; decidiu escrever um texto sobre o que não precisava ser descrito e o encantamento se desfez; voltou o absurdo de se nomear o que não tem nome; de rotular o que não tem forma.