MORTE. TROPEÇOS.

Ninguém quer sofrer. Resistir à realidade não é covardia, é conforto que engana, mas não massacra. É possível mudar a data de sofrimentos intransponíveis, como a exumação de um ente querido, mas há um limite de tempo. Tenho um certo privilégio pela função que tive e a corporação a qual pertenço, não preciso assistir, só me identifico e solicito o ato. Mas fico na região, melhor, no cemitério, e lá já sou mais que conhecido, tenho cinco pedaços de mim naquele campo santo, abraçados na eternidade.

As agruras da vida são difíceis de assimilar, e neste espaço reside a compreensão mais difícil, incompreendida, bota, capenga como um coxo, e torna parva a inteligência como apequenada moeda, e essa agrura plena de certeza, a morte, movimenta o mundo, as ciências, os dogmas científicos e religiosos, as vivências e andanças, a roda da vida, enfim, tudo.

E vamos do tudo ao nada com a sequela da informação perdida, registrada como a insuficiência que nada soma. Somos matéria que inala oxigênio, vida. Chegamos e vamos partir um dia para essa imensidão chamada eternidade, a ela pertencemos desde que chegamos, e não compreendemos como devia ser compreendida, o cosmos, a unidade, compreensão insatisfatória de uma cultura sepultada com o corpo, não compreendemos nada, caminhamos nas margens do Rio Aqueronte, de Dante Alighieri, pois todos somos pecadores, de maiores ou menores faltas, e mesmo lidas bibliotecas, por quem as pôde ler, ou percorrido o mundo pretendido percorrer, conhecendo hábitos e costumes, história viva, onde a compreensão se alarga mais um pouco, muito pouco, continuamos tropeçando nas infindáveis indagações.

E o sofrimento das perguntas sem respostas faz sofrer mais....tropeços. E o ato civil determinado pela lei há de ser executado.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 20/03/2013
Código do texto: T4198776
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