Canalhas de Gravata
“Homens sem brio, sem vergonha, hipócritas, sem compostura, são nivelados aos vermes. Não se incomodam quando os chamam de HOMENS”.
Em 1941, o jornalista Hamilton Ribeiro lançou o livro intitulado “Canalhas de Gravata”. Em sua apresentação ele diz: “Desnecessário é dizer que não é sem grandes sacrifícios que vou lançar a publicidade um caderno com 150 páginas (calculadamente), saiu com 174 páginas, em papel “buffon”, capa em cartolina “sublime” – desenho em duas cores -, contendo cartas com citações de vários nomes e diversos conceitos meus e de alguns escritores célebres...”
Diante dessa sua apresentação ele pede para que os “amigos”honrem com a sua amizade ao não solicitarem seu livro gratuitamente, pois do contrário demonstrariam claramente quererem arrancar a sua “única gravata” que possui. Diz ainda que dar um livro, constitui “fazer cortesia com o chapéu alheio”...
O livro mexe com todos os canalhas e é o retrato fiel de uma sociedade composta por corruptos que se misturam com os homens de bem. O escritor russo Dostoiéwski , há anos, já previa em sua obra “Humilhados e Ofendidos”: “Ser cordeiro entre lobos e lobo entre os cordeiros”.
Não conseguindo boa vendagem, alguns canalhas viciados sugeriram colocar o acento agudo no último “a” e vender na cidade de Gravatá. As más línguas dizem que foram todos vendidos. Sinceramente, eu não acredito, pois o meu pai sempre dizia que jamais Hamilton Ribeiro faria isto, ele era um homem de caráter incapaz de cometer atos imorais, injustos, ilegais... Ele escreveu a realidade dos homens e dos acontecimentos da época e, não, para enriquecer. Portanto, respeito é bom, nada de calúnias...
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