Mudanças sempre acontecem em nossas vidas e nos fazem amadurecer. Às vezes me pego lembrando de alguma atitude que tomei aos trinta anos e me pergunto: Nossa, como pude fazer isso? Mas fiz e essa atitude juntamente com outras que tomei ao longo da minha vida, fizeram a pessoa que sou hoje. Se foram certas ou erradas, não interessa mais, nada vai mudar o que foi feito. Tenho que seguir em frente.
Não acredito quando ouço alguém dizer: Não me arrependo de nada que fiz na minha vida e faria tudo de novo. Mentira, isso é uma grande mentira. Lá no fundo do nosso coração sabemos que se pudessemos voltar atrás, algumas coisas não faríamos novamente. Um amor que traimos e perdemos uma grande pessoa, um trabalho melhor que não aceitamos por medo de encarar a insegurança, um sonho que não realizamos por colocarmos outras prioridades na frente, uma transa que não aconteceu por orgulho, enfim, não existe uma vida sem arrependimentos.
Mas por outro lado, já pensou se pudessemos voltar atrás e consertar as coisas? Seria um horror. A vida seria uma chatice só, por que ninguém erraria. Por exemplo: Lúcia ama Carlos que a trai. Lúcia termina tudo, sofre e um tempo depois apaixona-se por outro. Se Carlos arrependido pudesse voltar atrás, já imaginou a confusão? E o que seria do novo amor de Lúcia? Moral da história: O bom da vida é exatamente o fato de que seja qual for a nossa decisão, temos que seguir em frente. É isso que torna nossa existência humana.
Não tive crise dos 30, nem dos 40, mas de repente aos 50 comecei a avaliar minha vida. Não sou mais a mesma pessoa e as mudanças são bruscas. Elas começam aos poucos e um dia quando acordamos, fazem questão de nos lembrar em situações diárias e bastante comuns que não somos mais os mesmos. Claro que não aceitamos e nosso primeiro impulso é rejeitá-las. Tenho um amigo que aos 50 anos resolveu namorar uma garota de 26 e fazia questão que ela sempre confirmasse em reuniões o que ele ainda conseguia fazer na cama. Às vezes chegava a ser patético por que todos sabiam que não era verdade, inclusive ela.
Descobri então que a vida pode ser generosa. Ela nos tira algumas coisas, mas nos dar outras e a melhor maneira de envelhecer bem é não querer ser jovem para sempre.