ROMPI A BARREIRA DO SOM!
Busco caneta e papel, porque a inspiração já está na mão, e saio a percorrer o caminho das letras. Se é que letra tem caminho... Bem, se a inspiração pode estar na mão, as letras podem ter caminhos também. Vamos em frente! Em frente de quê, afinal? Ah! É que ao virar a página já repleta, embora eu tenha escrito poucas linhas, resolvi fazer uma caminhada ao mesmo tempo. Aproveito o caminho das letras e sigo em frente. Dobro uma esquina e paro surpreendida. Como tive forças para dobrar uma esquina? Será que é efeito do chocolate que ando comendo? E a Páscoa nem chegou! Depois dela e alguns ovos que o coelho sempre traz, com certeza conseguirei dobrar até os sinos de Belém, embora esses só em dezembro, no Natal. Agora me dou conta que não se escuta nada ao redor. Será que fiquei surda? Isso que dá deixar aquela pequena cerinha no ouvido, esquecendo que ela aumenta. Não aguento, vou romper esse silêncio. Mas, como se rompe o silêncio? Romper os tendões eu sei que dá, e dói! Romper a barreira do som é fichinha, qualquer jato rompe. Afinal som tem barulho, mas silêncio não. Só se eu gritar, mas acho isso tão primitivo e, no mínimo, vão me tachar de louca. Pois, se o mundo está em silêncio e só eu faço um som, a errada, obviamente, sou eu! Sem falar que devemos ter cuidado com os sons que fazemos, alguns têm cheiro e não são bem vindos. Ah, deixa o silêncio prá lá! Dou mais uns passos... Dou os passos para quem, afinal? Chi! Não vou começar tudo de novo. Melhor voltar e escrever em casa. Meia volta! Por que meia? Não pode ser inteira? É que... CHEGA!!! Puxa, consegui romper a barreira do som!