O Imperador do Mundo

Vi ontem na tv crianças chorando entre escombros de guerra, no Iraque.

Familiares carregando precariamente seus mortos rumo ao cemitério. Bem, cemitério, pra dizer a verdade não vi, não. A tv não mostrou o campo-santo deles. Também, acho que com tantos mortos por lá, todos os dias, nem mais cemitérios existem lá. Talvez hoje enterrem seus mortos em lugares improvisados, às pressas.

E aí pensei: A guerra no Iraque completa quatro anos hoje. Eu me lembro de quando ela começou. Com a desculpa de que havia armas químicas lá, muitas armas químicas, capazes de ameaçar a segurança do mundo. Pois bem, os americanos invadiram o país. Vasculharam-no de ponta a ponta e não encontraram nada. Depois perseguiram Saddam Hussein e o capturaram, com acusações mil, e o enforcaram. Depois enforcaram seus braços direitos.

Por incrível que pareça, hoje enforcaram mais um. Eu que pensava que a forca fosse apenas um instrumento do passado, dos livros de história e dos filmes Western, vejo-a sendo usada agora a torto e a direito.

Enquanto isso, o Imperador do Mundo continua insistindo na permanência dos soldados invasores no país, agora em nome da paz dos países da região.

O Congresso Americano dizendo que não. O eleitorado dele também. Enquanto os civis no Iraque sofrem. Homens são torturados. Mulheres estupradas. Crianças violentadas, tornadas órfãs por conta da ignorância dos adultos.

Eu me indigno ao saber que ele esteve aqui e gastou uma hora de seu precioso tempo para ver as crianças da favela do Morumbi cantar e dançar para ele.

“Que gracinha!”, qualquer um teria pensado isso ao ver as crianças dançarem. Será que ele o pensou? Não! Se pensasse, pensaria também nas crianças que choram o tempo todo no Iraque.

José Guimarães e Silva
Enviado por José Guimarães e Silva em 20/03/2007
Reeditado em 21/03/2007
Código do texto: T419698