O VALOR DO ASPECTO
Conheci na minha mocidade afável senhora, de elevada cultura, professora de profissão, que quando escutava elogios ao saber de um médico, logo inqueria, muito interessada, a marca da viatura que usava.
Se o automóvel era de alta cilindrada e preço elevado, logo o considerava uma sumidade; mas se o pobre clínico viajava em transporte público ou carro utilitário de baixo custo, por mais competente fosse o diagnóstico, não passava, para ela, de reles entendido.
Se a senhora avaliava a competência, pela viatura, outros costumam ajuizar pelas marcas que vestem.
Talvez seja a razão de políticos popularuchos, usarem gravata e camisa social, no parlamento, e desgravatarem-se diante de sindicalistas e trabalhadores.
Para outros, quiçá não menos cultos, que a senhora da minha juventude, os valores dos homens mede-se: pelo lugar que ocupam e casa que possuem.
Desse pensar, encontram-se os emigrantes e novos-ricos, que constroem mansões, onde não falta conforto e piscina, mesmo não sabendo nadar.
Assim se avaliam os homens – pela aparência, bens que possuem e cargos que ocupam.
Muitas vezes dá-se mais crédito a vigarista bem encadernado, que a honesto trabalhador,
O valor dos homens, não está nas vestes, nem nos bens que possuem, mas sim: na educação, na forma como lidam com o semelhante, e nos conhecimentos que têm; mas muitos não compreendem isso.
Jesus não foi bem aceite pelos patrícios, porque o “Pai” era pobre carpinteiro, e os parentes humildes artistas.
Como poderia, o filho de carpinteiro, sem ter tido mestre famoso, ser respeitado e aplaudido na terra natal?!
Não era ele operário e seus discípulos trabalhadores braçais!?
Como no tempo de Jesus, também nós, dois mil anos depois, avaliamos os homens, não pelo que são, mas pelo modo: como se vestem, pelos cursos que possuem, pela família que pertencem e pelo lugar que ocupam na sociedade.
Por isso, tantas vezes nos enganamos!