Fala sério, povo!
E para não dizer que não falei das flores, ou melhor, que falo muito mais de flores em um momento em que tantos cactos brotam desavergonhadamente, venho deixar minhas breves reflexões sobre o que deveria nos interessar muito, mas acaba esquecido a cada nova final disputada no futebol, a cada novo gole, e a cada domingo ensolarado. Afinal, para que servem preocupações sociais, morais, ambientais, consciência crítica e outros valores? Para que serve mesmo tudo isso?
Afinal, estamos tão acostumados a não olhar para o lado, a dar o famoso jeitinho e a ter vantagens em tudo que nem percebemos o quanto afundamos em nós mesmos a cada dia e na pior acepção que esta expressão pode ter. Criticamos grupos, falamos mal do governo, lemos jornais, os intelectuais se reúnem, porém o que é feito de fato?
Uma vez em uma entrevista, o autor José Saramago exemplificou a inversão de valores que vivemos utilizando o vocábulo BOM. Ninguém mais quer ser BOM ou ser chamado de BOA pessoa. A palavra ganhou conotação negativa já que hoje, ser BOM é sinônimo de ser BOBO, ingênuo, ignorante. Enquanto quisermos ser os ESPERTOS e continuarmos pensando assim, nada mudará. Essa cultura já está enraizada e tem até nome: “Jeitinho brasileiro”, alvo de tema de textos e discussões há muito conhecidos.
Diante disso, acredito que a mudança sim, comece pela consciência do indivíduo que deve acordar para o que o cerca e priorizar o que realmente tem valor. A educação como base para a argumentação e para a consciência crítica deve ser possuída com principal arma de combate à passividade. A partir daí, o olhar coletivo, os interesses comuns. Quem está nos representando? Que sentido e efeitos tem o meu voto para mim e para os outros? Posso melhorar algo ou deixar legado importante para o futuro? A final não estamos sozinhos no mundo.
O dito popular diz que alguns assuntos não se discutem, visão política e religiosa por exemplo. Concordo quando discutir se torna atacar ou pior, atacar um grupo por causa de alguns. Acredito no respeito a todos e acho que não se deve exigir ser aceito, em nenhum aspecto, se não se consegue aceitar o outro e suas opiniões distintas. Quando o respeito passa a valer para a alguns até sob forma de lei e não para todos, deixa de ser respeito.
Este, o respeito, faz parte dos valores já citados, da educação e do berço de que abrimos mão todos os dias. A solução será rever a educação que temos dado, recebido, deixado a cargo da escola? Será rever os valores familiares que temos ensinado, ou deixado de ensinar aos mais jovens? A resposta é: CLARO! Como diria Arnaldo Jabor “ Será possível que ninguém se toca?”