MEU PÉ DE CÁ TE ESPERO
 
 
Certo dia ao conversar com meu irmão, Chagas. Falávamos sobre pessoas que nos prejudicam. Aquelas que na ânsia de se dar bem na vida vão passando por cima de qualquer um. Não se importando se vão te ofender, magoar, te ferir, te sacanear, quase te matar, te falir e por aí vai.
Aquele tipo de gente “filho de chocadeira”. Porque somente um filho daquela é capaz de fazer qualquer coisa pra levar vantagem em qualquer situação. Ele se acha. Pronto, do tipo psicopata.
Meu irmão é muito pela justiça Divina, qualquer coisa que fazem contra ele, entrega logo a Deus. Acho até que Deus já anda chateado com ele de tanto receber coisa ruim.
Nosso comentário era sobre um certo compadre dele que o havia injuriado, caluniado e tentado de todas as formas ficar com o cargo do meu irmão. Na cabeça doentia dele, bastava inventar uma bela história e tudo estava resolvido. Meu irmão perderia o emprego e ele assumia o seu lugar.
Eu na minha forma rápida de querer resolver as coisas já queria apelar pra ignorância. Sempre acreditei que: “com quem ferro fere, com ferro merece ser ferido”. Talvez assim, ele, o malfeitor, aprenda viver em sociedade.
Nesse mundo de pessoas desonestas, trapaceiras, com índole de bandido, na minha ótica não se deve dar moleza. Bateu tem que levar.
De tanto apanhar acabei ficando que nem eles. Jamais sairei do meu canto para ser injusto com qualquer pessoa, muito menos fazer o mal por simples deliberação. Acho que os seres humanos foram feitos por Deus para amar o seu próximo, mas o próximo que mereça ser amado. Como vou amar uma pessoa que faz de tudo para me prejudicar? Não sou perfeito, e nem hipócrita para dizer que quando me batem dou o outro lado, conversa. Se me bater darei sim, mas não o outro lado da face, devolverei na mesma proporção a ofensa recebida.
Bom, a conversa fluía com meu irmão quando falávamos do ex compadre, e num dado momento meu irmão diz: “deixa ele, vou plantar um pé de cá te espero, regarei todos os dias e o aguardarei. Ele vai ver o quanto dói aquela volta do anzol”. Comecei a rir e não entendi nada do que ele falou, porque falou rápido. Quando ele repetiu que fui entender. Ah, queres dizer que vai esperá-lo, que sabes que ele vai voltar? Ele sorrindo respondeu que sim, e disse: “usando o mesmo termo que um psicopata que eu conheço fala: quem bate esquece, quem apanha não. Quando ele menos esperar eu pego ele, o compadre. Porque vingança meu irmão é um prato que se come frio”.  Daquela vez vi meu irmão sem a tradicional vontade do perdão, queria mesmo era comer o fígado do compadre desleal.
Num dos ótimos filmes de Al Pacino, ele fez o papel de um certo Carlito Brigante, o dono de uma boate que agrediu um traficante e o deixou vivo. Ao final do filme ele, Brigante, se mete numa enrascada e vai fugir com sua amada, mas inesperadamente o traficante que havia sido humilhado surge do nada e lhe desfere dois tiros mortais, antes pergunta: “lembra de mim”. Sempre revejo e mostro essa cena para meus amigos e filhos, mostrando que o traficante também plantou “um pé de cá te espero.”
Afonso Luciano
Enviado por Afonso Luciano em 17/03/2013
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