A Praça É do Povo?

De volta ao assunto. Até podemos concordar que “quem gosta de passado é museu”. Que aquele negócio de “no meu tempo...”, já era. Parecendo um brado ou bandeira empunhada pela rapaziada mais jovem. Tudo certo.

Mas sabe por que o progresso tem muitas vezes uma aparência frustrante? Porque não tem sensibilidade. Sobretudo quando é alcançado ou projetado de forma leviana ou em atenção a objetivos apenas financeiros.

Dia de sol. Estávamos sentados num bar, tomando cerveja, diante de uma bela praça em Tiradentes, MG. A conversa girava em torno do novo Papa, se ele é isso ou aquilo. Conversas do tipo das que não dão em nada. Como, por exemplo, se a Dilma vai fazer isso ou aquilo, se o Chávez foi isso ou aquilo. Ou ainda é. Se os Estados Unidos vão anexar a Amazônia... bem, isso pode dar em alguma coisa.

De repente, no meio da conversa, me dou conta de que a praça, embora não muito grande, tem área bem expressiva. E de que no seu centro quatro árvores grandes e frondosas cobrem-na quase que inteiramente com as suas sombras. Então, ainda no meio da conversa, surge o pensamento: e se o maluco de um prefeito resolvesse dar a praça a um grupo financeiro com o propósito de em seu lugar construir um shopping moderno? Como parece que aconteceu em São Gonçalo, RJ?

Para onde iriam os passarinhos com seus ninhos? E as sombras que abrigam os jogos ou o descanso dos idosos, ou os encontros furtivos de amantes ou namorados?

Existe uma praça, na Barra da Tijuca, bairro ainda moderno no Rio de Janeiro, gradeada, parece-me que com horário estabelecido para frequentação ou visitação. Talvez falte apenas a cobrança de ingresso. Mas “a praça não é do povo”, como dizia o refrão?

Tiradentes, MG, 16/03/2013

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 17/03/2013
Reeditado em 18/03/2013
Código do texto: T4192939
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