EU ROBÔ

Acredito que a melhor forma de comunicação humana já foi inventada há séculos: a escrita. Então me surge uma grande pergunta em mente: a comunicação está regredindo ou progredindo? Acordo pela manhã com um som eletrônico que imita o canto do galo, vejo numa pequena tela um convite de um possível encontro. “Beep !” opah! Parece que uma mensagem da internet acabou de chegar, alguém está dizendo algo sobre o dia de hoje que está belo e ensolarado, e com isso de repente me vejo triste, parecia que algo havia sido tirado de mim naquele momento, será que foi a falta do tempo em que ao olhar pela janela eu me deparava com o próprio dia em si e sua bela imagem invadindo minha alma, e nenhuma descrição poderia ser feita sobre sua beleza, afinal palavras robóticas não podem substituir o contato com a experiência que a realidade carrega, muito menos com as emoções que elas tentam transmitir; o dia me surpreendia, agora não. “pipipi!” Há sim, é minha agenda eletrônica, ela me faz lembrar de coisas que eu posso esquecer, aí escrevo pra mim mesmo que devo estar no aeroporto às 8,30 da noite. Sinto falta mais uma vez de descobrir logo se gosto de alguém ou não, pois se lembrasse por conta própria do horário marcado era porque estive ansioso o dia inteiro, mas nada melhor do que um pouco segurança em dias atarefados, afinal, vai ver que eu esqueço mesmo! Olho para as outras formas modernas já inventadas de transferirmos nossos pensamentos, e descubro um grande problema, o que significa a letra k expressa repetidamente sem espaços?(kkkk) Será que alguém pode me dizer? Ou quando perguntar isso vou ter mais desses k’s como resposta? Há! Então era uma risada kkk; mais não estou satisfeito; ela é irônica ou autentica? Se por um lado já era tão difícil decifrar as emoções e reações das pessoas quando tentamos ser congruentes com elas, por outro, a modernidade nos trouxe a maior distancia já conhecida entre duas pessoas que conversam. “Há.. mais eu estou conectado com muitos amigos ao mesmo tempo” diria um internauta. A telecomunicação nos trouxe eficiência e rapidez na comunicação mais ela tira a calma e a forma mais ampla de transmitir mensagens que está em nossa comunicação corporal. As palavras de uma pessoa estão próximas, ela fala de coisas positivas e outras negativas. Mas como poderei saber ao certo o quanto um assunto é realmente positivo/negativo para alguém se bastaria apenas um tom de voz para denunciar o envolvimento emocional sobre o que é discutido? E que tipo de resposta posso escrever para expressar e produzir as mesmas sensações contidas num abraço de conforto? Vejo o tempo todo palavras quase instantâneas sendo transmitidas, mas quase sem nenhum conteúdo. Seremos rápidos então, ao menos o encontro é com uma pessoa real, ainda não é com um robô. Chego ao aeroporto onde uma surpresa me aguardava. Ainda permaneço triste, um amigo dela me dá uma caixa embrulhada onde num curto bilhete abreviado que tento decifrar está escrito: “felz aniver ainda tou longe + já me sinto mais perto, esse aparelho é melhor, eli é + sofistcado... ele vai da mais rapidez nas conversas ti amu”.

Tesla da escrita
Enviado por Tesla da escrita em 17/03/2013
Código do texto: T4192660
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