Manha, Manhã e artimanha.
Por Carlos Sena


 
Gosto de me acordar com manha. Manha da manhã me concedendo um cafezinho quente com um pão torradinho, só isso. Manha da natureza a nos ofertar uma fresta de sol invadindo nossa janela como que a nos dizer “a vida é bela”. Manha de um dia qualquer que se veste de domingo só pra nos agradar ao espirito. Manha do amor amado ou apenas amante que nos sufoca com o primeiro beijo no café da manhã. Manha que aos ouvidos premia com a melodia mansa de Maria Gadu. Manha acalentada pela visita inesperada de um “bem-te-vi” tal qual o dia em que eu “bem-te-vi” no escurinho do quarto. Gosto de acordar com a manhã dengosa, despretensiosa, estendida na minha cama ou sob os cobertores dela acasalada. São essas manhas e são essas manhãs que me fazem tirar de letra as artimanhas das pessoas mal amadas. Ah se essas pessoas soubessem como é bom viver de bem com a vida; ah se essas pessoas soubessem como é bom não se “de acordo” nem “conforme”... Por isso essa manhã me sacia. Por isso essa manha tipo dengo que me faço... Por isso o abraço... Por isso o que faço pela vida nem sempre fácil, mas sem os percalços de gente que morde e assopra por falta de coragem de ser feliz...