QUEM NÃO REZA AO SENHOR, REZA AO DIABO.

A primeira consciência que o homem aculturado deve mostrar quando assume qualquer poder é o reconhecimento a todas as outras pessoas como iguais. Guindado ao poder é que se conhece o homem.

Assumir investiduras destacadas é o melhor meio de conhecer pessoas. É inexorável. O pretensioso pobre de espírito se engalana, o sábio se torna mais simples. Quem pode mais pode menos, e no fim pode tudo, inclusive reformar hábitos e ritos, se é homem de bem.

Pedro que erigiu sobre a pedra a igreja de Cristo era um caminhante quase mendicante igual aos outros apóstolos.

Ao Cristo, padrão de seus discípulos, embora majestático em sua imagem, como reporta restritamente seu único historiador contemporâneo, credita-se a maior das simplicidades. Francisco de Assis, São Francisco, preocupado com os destinos da Igreja de Cristo, fato notório e conhecido, pleiteou do Papa a criação da Ordem Franciscana nos limites da pobreza adornada de humildade.

Advertiu o novo Papa na primeira missa que rezou para os cardeais, recusando sentar no Trono Papel, ficando de pé para cumprimento de seus pares: "QUEM NÃO REZA AO SENHOR, REZA AO DIABO". Nada tão significativo. Sinaliza a inação para quem deve ter ação reparadora e não o faz.

Não existe nenhum credo, poucos se dão conta disso, que mescle crença religiosa com Estado formal, Poder Temporal, como o Vaticano, um Estado no universo da soberania dos estados do mundo, com suas representações de chancelaria acreditadas nos outros países como referencial estatal-institucional.A importância da eleição papal com os olhos do mundo voltados para ela mostra a dimensão do fato.

Este entrelaçamento do Poder Estatal com o Poder Religioso traz dificuldades.

Não existe, também, fique realçado, nenhuma religião com tal patrimônio universal em artes, mobiliário, ativos e imobilizados em todo o mundo. Ultrapassa vários PIBS de países de primeiro mundo. O Vaticano é um Estado, sede da maior e mais poderosa religião do mundo, se ficarmos diante de seu poder temporal, desarmado belicamente, mas poderoso em opinião, como demonstrou João Paulo II, só para ficar em passado recente, que com Gorbachev acabou praticamente com a idiotia comunista no mundo. É o poder do pensamento.

Agora quem pode tudo, quebra um seguimento que desagrada a muitos, o fausto que reduz a igualdade. Em hábitos simples, não portando a Cruz de Ouro dos Papas e Cardeais, sem ornamentos ou bordados ricos, repelindo pompas, desfila Francisco I, ( Francesco em italiano, como meu avô) em ônibus com seus colegas cardeais, recusando limusine à sua disposição tronos e ornamentos. E mostra a igualdade esperando de pé cumprimentos de seus pares, alijado o Trono Papal nesta cerimônia inicial.

Se voltarmos ao passado vemos que a Itália exportou e exporta talento, música, arte em todos os seguimentos, o pensamento culto e também a religiosidade nascida de um fato político quando Constantino entronizou o cristianismo em Roma como religião oficial. O império Romano foi único, testemunham todas as artes disseminadas pela Europa.

Isso não tira a possibilidade de continuarem os princípios do Cristo, humildade, simplicidade, caridade, mas também não retira a magnitude histórica dos templos católicos e de suas riquezas artísticas, maravilhas para os olhos, arquiteturais, culturais e de toda a linha da criatividade humana de forma singular e inigualável, que a Itália como pioneira exportou e mantém, e que sempre deverão obter o cuidado da preservação para encantamento dos sentidos. Sem esquecermos que foram feitas para os homens de forma igual e geral, sem afastamentos dessas belezas, lacradas como patrimônios da humanidade, para todos se deleitarem.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 15/03/2013
Reeditado em 16/03/2013
Código do texto: T4190218
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