RETROSPECTIVA

Mais que fazer um balanço de dados de 2012 importa-me olhar por dentro de mim e identificar as forças que preciso de enfrentar para os desafios de 2013 e outros.

Faço uma retrospectiva a 15 de março de 2012, acerca de seis e horas quinze minutos, dia de sol brilhante que sai para trabalhar, como todos os dias, e nem sequer sabia se participava de um sonho, um filme, uma tragédia ou a junção de tudo.

O limiar entre viver e morrer é como sopro de uma vela e nós nos tornamos impotentes diante das circunstâncias.

Ao Senhor Jesus, meu baluarte, agradeço a oportunidade de renascer para contar a história de aniversário de um ano daquele sequestro, que ocorreu no dia 15 de março de 2012 no percurso de Palmeira dos Índios a Satuba em um transporte coletivo que levou o policial Walter de Sá Carvalho a contemplar a face do Altíssimo,

Sou vítima daquela tragédia, tem momentos que vivo aquele instante e a noite torna-se longa, negra e repleta de pesadelos.

Não sou simplesmente uma atleta a espera da glória, eu sou o protótipo da vitória.

Não sei o porquê fiz uma analogia do meu caso a da Fênix, o pássaro, da mitologia grega que quando completava seu ciclo de vida voava até chegar próximo ao sol. Então as penas se incendeiam e ela toda começa a arder.

Quando chega neste estágio, ela se precipita do céu e se lança qual flecha nas águas fria do lago e passada algum tempo renascia das próprias cinzas.

Após esta experiência de fogo e água, a águia velha rejuvenesce.

Esta lenda constitui o substrato do Salmo 103 que versa: "O Senhor faz com que minha juventude se renove como uma águia".

Quanto à nova águia é como novo paradigma de aprendizagem na minha vida daquele dia fatídico.

Hoje, são 15 de março de 2013 sou a protagonista da história e sinto-me a própria águia capaz de recomeçar.

Em virtude disto faço reflexão fogo e água são adversos, mas quando homogeneizados se fazem poderosos e transformados, assim são nossas vidas.

Estamos sem parâmetros de respeito ao outro e a violência tornou-se banal, e de certa forma estamos como o cravo – amarelo de tanto medo que resulta em depressão.

Somos a junção de épocas e parafrasearei Horácio porque estamos em tempos de transversalidade dos discursos, buscando convergências nas diversidades, em benefício da qualidade humana, espiritual e cívica dos seres humanos.

Gritamos direito humano.

E o direito do cidadão?

Que direito?

Qual direito?

Enfim, o que é direito?

Tenho certeza que não podemos continuar neste caminho, porque desta maneira cairemos nos braços de Hade.

Hoje, mais do que nunca temos consciência clara sobre o limite e temos a lei como norteadora dos princípios básicos do ser humano.

Talvez sejamos insensatos e nas últimas gerações alicerçamos a destruição de princípios e valores, não é drama de Shakespeare, a todo instante ouvimos barbáries nos meios de comunicação.

Temos condições de proliferar a paz e mais uma vez usarei o poeta romano, “o cuidado nos acompanha como uma sombra ao largo de toda a vida”. Tudo aquilo que fizermos com cuidado significa uma força contra a entropia, contra o desgaste, pois prolongamos a vida e melhoramos as relações com a realidade.

A experiência daquele sequestro me fez reavaliar a vida e desdramatizar o meu mundo onírico, percebo que continuo com as mesmas porções de virtudes e defeitos.

Vida e morte andam de mãos dadas, portanto cada segundo é uma oportunidade que nos é concedida para nos aperfeiçoarmos e nos tornamos melhor.

Genuzi
Enviado por Genuzi em 15/03/2013
Reeditado em 15/03/2013
Código do texto: T4190153
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