Eu não sou "boazinha".
Não sou boazinha.
Já fiz mal a mim mesma.
Já fiz mal aos outros.
Já cometi o mesmo erro mais de uma vez.
Já disse sim, quando deveria dizer não.
E o contrário.
Já perdi tempo demais me culpando
e demorei mais que deveria para me perdoar.
Já falei o que não devia, e calei quando mais precisava falar.
Machuquei pessoas pelas minhas palavras mal pensadas.
Machuquei pessoas pelos meus atos impulsivos.
Errei muitas vezes tentando acertar.
E acertei muitas vezes pensando errar.
E por mais que eu sempre procure fazer o melhor,
nem sempre consigo agradar. E me agradar.
Por isso sempre desconfiei de gente “boazinha” demais.
Gosto de gente de verdade.
De gente que ri e que chora.
De gente que olha no teu olho e fala o que pensa.
De gente que briga e depois pede desculpas.
De gente que admite que errou.
De gente que fala bobagem, mas que sabe falar sério.
Gosto de gente autêntica, não gosto de cópia.
E como tem gente por aí que parece ter saído de uma máquina da “Xerox”.
Tenho medo desse tipo de gente.
De gente que sorri amarelo o tempo todo.
De gente que se esforça para mostrar aos outros sua suposta bondade.
Gente que se esforça para mostrar aos outros sua suposta perfeição.
Gente que só se esforça para mostrar aos outros qualquer coisa.
Porque se depender de ter que mostrar aos outros qualquer coisa,
nunca vou ser "boazinha", pois vou continuar cometendo erros.
Novos eu espero, porque dos antigos já estou cheia.
Mesmo assim eu tento cada dia ser melhor pra mim mesma.
Pois quando sou boa para mim, posso ser boa para alguém.
E mesmo sendo boa, por favor, entenda e não confunda:
Nunca vou ser “boazinha”.
Carolina Carvalho (ByNina)
"Não há gente completamente boa nem gente completamente má, está tudo misturado e a separação é impossível.
O mal está no próprio gênero humano, ninguém presta.
Às vezes a gente melhora. Mas passa.
E que interessa o castigo ou o prêmio?
Tudo muda tanto que a pessoa que pecou na véspera já não é a mesma a ser punida no dia seguinte."
Lygia Fagundes Telles